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Mônica Bergamo é jornalista e colunista.

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Descrição de chapéu Boate Kiss

Minissérie sobre boate Kiss teve emoção nos bastidores e equipe unida para encontrar o 'tom certo'

'Estávamos todos de mãos dadas', diz Julia Rezende, diretora da produção

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Jovens se apaixonam e dão o primeiro beijo. Grupos de mulheres dançam animadas ao som da banda preferida delas. Um garoto que, enquanto aguarda na fila para entrar na boate, liga para a mãe para anunciar que encontrou a mulher da sua vida.

Momentos corriqueiros de situações que costumam acontecer em casas noturnas ganham um significado maior em "Todo Dia A Mesma Noite", minissérie da Netflix que estreia na próxima quarta (25). O espectador já sabe. Esses jovens retratados na tela serão vítimas de uma das maiores tragédias brasileiras dos últimos anos: o incêndio da boate Kiss, que matou 242 pessoas, em Santa Maria, no Rio Grande do Sul.

A diretora Julia Rezende
A diretora Julia Rezende - Jorge Bispo/Netflix

Para a diretora Julia Rezende, conhecida por comédias como "Meu Passado me Condena" (2013) e "De Pernas pro Ar 3" (2019), recontar, de forma ficcional, o que aconteceu naquela madrugada de 27 de janeiro de 2013 foi "sem dúvida" o trabalho mais difícil da sua carreira.

Além das questões técnicas de se filmar um incêndio, havia o componente emocional. "Claro que todo o mundo se emocionava em muitos momentos. Não só o elenco, como a equipe. Mas acho que a gente estava muito unido em um propósito, sabe?", afirma Julia. "Estávamos todos de mãos dadas, tentando encontrar o tom certo."

O objetivo em comum, prossegue ela, era a consciência da necessidade de se contar o que ocorreu naquela fatídica noite e nos anos posteriores ao ocorrido. "A gente tinha um motivo para fazer essa minissérie, que é não deixar a tragédia cair no esquecimento, que é denunciar algo de tão grave que aconteceu no Brasil e que até hoje está sem resposta", diz. "E dar voz às famílias das vítimas, porque muitas pessoas não têm noção dos desdobramentos daquela noite", acrescenta.

A diretora se refere à luta dos pais por justiça. Alguns deles chegaram a ser processados pelo Ministério Público por calúnia. A ação foi motivada após familiares responsabilizarem o próprio órgão e autoridades municipais pelo incêndio, já que a boate funcionava apesar de apresentar inúmeras irregularidades.

Toda a minissérie é baseada no livro de mesmo nome, escrito pela jornalista Daniela Arbex, que atuou como consultora da produção da Netflix.

Para as gravações, que duraram três meses e foram realizadas em sua maior parte em estúdios no Rio de Janeiro, Julia afirma que algumas medidas foram tomadas a fim de possibilitar conforto para elenco e equipe diante de um tema "tão doloroso".

Antes do início das filmagens, duas psicólogas do Instituto Entrelaços, entidade especializada em luto, deram uma palestra aos envolvidos no projeto. "Foi um encontro muito bonito, uma oportunidade de cada pessoa da equipe trazer as suas próprias angústias e questões sobre como lidar com esse assunto", relata Julia.

Ela mesma afirma ter tido suas aflições ao longo do um ano e meio em que se viu mergulhada na história. Julia aponta que a cena mais emocionante de gravar foi justamente a que retratava os momentos anteriores ao incêndio. "Porque acho que ver aquele jovens tão felizes, tão vivos e plenos ali e imaginar que, cinco minutos depois, muitos deles iriam morrer... Acho que aquilo foi muito tocante para todo mundo que estava na filmagem", relata.

"Com a minissérie, espero que o público de um modo geral tome conhecimento desse acontecimento tão trágico e de todos os seus desdobramentos. E que a gente possa promover uma reflexão sobre justiça e impunidade no Brasil", diz Julia.

Além da produção da Netflix, o Globoplay também prepara um projeto sobre a tragédia. A série documental "Boate Kiss – A Tragédia de Santa Maria" será lançada um dia depois, na próxima quinta (26).


SOBRE TELA

O editor Luiz Schwarcz e a antropóloga e historiadora Lilia Moritz Schwarcz compareceram à abertura da exposição "Tridimen-sional: Entre o Sagrado e o Estético", realizada na galeria Arte 123, em São Paulo, na semana passada. A historiadora Maria Lucia Segall esteve lá. A galerista Vilma Eid e o crítico e colecionador Miguel Chaia, um dos proprietários das obras e curadores da mostra, participaram do evento.

com BIANKA VIEIRA (interina), KARINA MATIAS e MANOELLA SMITH

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