O Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana (Condepe) vai solicitar ao procurador-geral de Justiça de São Paulo, Mário Sarrubbo, a designação de um grupo especial para apurar suposta ocorrência de chacina na megaoperação de forças de segurança paulistas na Baixada Santista, que deixou ao menos oito mortos.
Representantes do conselho viajaram para o Guarujá na manhã desta segunda-feira (31). "Está um clima de terror", narra à coluna o presidente do Condepe, Dimitri Sales. Ele diz que conversou com Sarrubbo ao telefone na tarde desta segunda para adiantar o pedido, que será formalizado em ofício nos próximos dias.
Sarrubbo confirmou à coluna que o Gaesp (Grupo de Atuação Especializada em Segurança Pública) vai trabalhar em conjunto com três promotores da Baixada Santista na investigação junto ao Ministério Público de São Paulo (MP-SP). O órgão vai instaurar um procedimento para analisar a legalidade das ações da Operação Escudo.
O Condepe está recebendo denúncias de tortura e maus-tratos contra moradores da região em que ocorreu a operação. O material coletado, que já inclui vídeos, fotografias e áudios dos supostos episódios, será encaminhado ao MP-SP. O conselho deve ouvir moradores e familiares de pessoas que morreram no episódio.
O MP-SP anunciou que vai instaurar um procedimento para analisar a legalidade das ações da Operação Escudo.
A megaoperação é uma resposta à morte de um soldado da Rota (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar, força de elite da PM paulista) em Guarujá na quinta (27), em um crime que gerou comoção entre policiais.
No domingo (30), a Ouvidoria das Polícias afirmou que havia ao menos dez mortos na operação. Na manhã desta segunda, o governador de SP, Tarcísio de Freitas (Republicanos), e o secretário estadual da Segurança, Guilherme Derrite, afirmaram que os mortos são oito —metade já foi identificada, mas os nomes não foram divulgados.
Eles também negaram que tenha havido tortura e ameaça nas ações da operação. Residentes afirmaram que policiais militares torturaram e mataram ao menos um homem e prometeram assassinar 60 pessoas em comunidades da cidade. A ouvidoria abriu um procedimento para investigar as denúncias.
com BIANKA VIEIRA (interina), KARINA MATIAS e MANOELLA SMITH
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