Mônica Bergamo

Mônica Bergamo é jornalista e colunista.

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Bolsonaro abriu conta nos EUA nove dias antes de deixar o Brasil

OUTRO LADO: Defesa diz que ex-presidente transferiu recursos porque acreditava que a economia do país 'ia afundar'

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Brasília

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) abriu conta em uma agência bancária de Miami, nos Estados Unidos, e deu entrada em um procedimento para enviar remessas de dinheiro ao exterior dias antes de deixar o Brasil e encerrar o seu mandato à frente da Presidência da República.

Documentos do BB Americas, braço do Banco do Brasil no estrangeiro, apontam que o então mandatário abriu sua conta no país norte-americano em 21 de dezembro de 2022. No dia seguinte, uma proposta de emissão de ordem de pagamento, usada para a transferência de verbas, foi assinada por ele.

O ex-presidente Jair Bolsonaro durante evento no resort Trump National Doral Miami, na Flórida (EUA) - Joe Raedle - 3.fev.2022/Getty Images via AFP

Bolsonaro partiria para Orlando oito dias depois, em 30 de dezembro. O processo de transferência de recursos também foi realizado por seu ajudante de ordens, o tenente-coronel Mauro Cid, que hoje se encontra preso.

"Solicito a emissão de uma ordem de pagamento para o exterior, na moeda indicada ou seu equivalente na do país do beneficiário, a débito de minha conta de depósito abaixo indicada, bem como das respectivas tarifas, tributos e demais despesas. Adicionalmente, concordo em tomar conhecimento do Valor Efetivo Total (VET) antes de concluída a formalização da operação de câmbio", afirmam os termos assinados pelos dois.

Os documentos, obtidos pela coluna, foram enviados por Cid para a sua própria conta de email e estão em posse da CPI do 8 de janeiro. Neles, há informações sobre as contas de origem e de destino para as transferências bancárias. Os valores das remessas pretendidas, no entanto, não são discriminados.

Trecho de documento mostra data de abertura de conta do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no BB Americas - Reprodução

Procurada, a defesa do ex-presidente afirma que a conta foi aberta e os recursos, transferidos, porque Bolsonaro acreditava que "a economia do Brasil ia afundar".

Segundo o advogado Paulo Cunha Bueno, os valores foram extraídos da poupança. "Não era nada expressivo. Não chegava a sete dígitos", diz. O defensor ainda destaca que a existência da conta já foi tratada por Bolsonaro em depoimento à PF, em sinal de transparência.

De acordo com relatório enviado pela Polícia Federal (PF) ao Supremo Tribunal Federal (STF), um saque de US$ 6 mil (cerca de R$ 29 mil, na cotação atual) foi realizado por Cid no BB Americas em 18 de janeiro deste ano. O valor, contudo, foi extraído de uma conta diferente da indicada pelo militar em dezembro passado, na véspera da viagem —o que sugere a existência de mais de um canal.

O BB Americas é a mesma instituição financeira em que seu pai, o general da reserva do Exército Mauro Lourena Cid, é cliente.

Lourena Cid foi alvo, nesta sexta-feira (11), de uma operação de busca e apreensão da PF que apura indícios de que Jair Bolsonaro teria utilizado a estrutura do governo federal para desviar presentes de alto valor oferecidos por autoridades estrangeiras.

Além dele, as buscas incluem Frederick Wassef, advogado de Bolsonaro, e Osmar Crivelatti, tenente do Exército e que também atuou na ajudância de ordens da Presidência.

Na decisão que autorizou a ação, o ministro Alexandre de Moraes, do STF, afirma haver indícios de que Bolsonaro teria desviado bens de alto valor para os EUA e, na sequência, encaminhado para lojas especializadas em venda e leilão de objetos nas cidades de Miami, Nova York e Willow Grove.


VIOLA

Os atores Rodrigo e Felipe Simas receberam convidados na estreia da série "As Aventuras de José e Durval" (Globoplay), na noite de quarta-feira (9), no Kinoplex Parque da Cidade, em São Paulo. Na produção, eles dão vida à dupla sertaneja Chitãozinho e Xororó. A atriz Andréia Horta, que também está no elenco, compareceu.

com BIANKA VIEIRA, KARINA MATIAS e MANOELLA SMITH

Erramos: o texto foi alterado

O general da reserva do Exército Mauro Lourena Cid foi alvo de um mandado de busca e apreensão, não de prisão, na sexta-feira (11). O texto foi corrigido.

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