Mônica Bergamo

Mônica Bergamo é jornalista e colunista.

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Clube de elite foi omisso com funcionário e engavetou denúncia de agressão verbal contra babá, apontam relatos

OUTRO LADO: Direção do Harmonia diz repudiar toda e qualquer forma de 'discriminação ou preconceito'

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Sócios e profissionais que trabalham no clube de elite Harmonia, em São Paulo, afirmam que a diretoria da associação tem agido de forma negligente em casos em que há suspeita de discriminação e preconceito contra funcionários.

A coluna conversou com três pessoas que frequentam o Harmonia e que relataram dois episódios recentes em que o clube teria sido omisso. Por medo de retaliações, elas pediram para não serem identificadas.

Regras para babás do clube Harmonia, de São Paulo
Regras para babás do clube Harmonia, de São Paulo - Reprodução

Uma das situações ocorreu em julho, durante uma atividade para crianças. De acordo com os relatos ouvidos pela reportagem, um sócio disse que não queria que a filha frequentasse o mesmo ambiente que um dos monitores responsáveis pela recreação porque ele não teria "comportamento de homem". A fala, dita em voz alta a um dos recreadores, foi ouvida por pessoas ao redor.

O trabalhador mencionado pelo sócio é negro e usava, no dia do ocorrido, um pente afro e xuxinhas no cabelo. Na ocasião, outros monitores também trajavam roupas e acessórios coloridos porque promoviam uma atividade lúdica.

Em um primeiro momento, a gerência do Harmonia deu apoio aos funcionários, assim como parte dos sócios que estavam no local. Posteriormente, a diretoria teria aplicado uma advertência ao sócio, o que foi considerado uma pena branda por outros profissionais e frequentadores do clube.

Em outro episódio, esse mesmo sócio teria agredido verbalmente uma babá. Ele teria ficado irritado após uma pequena confusão envolvendo a filha dele e uma criança que era cuidada pela profissional.

Mesmo com a babá chorando e pedindo desculpas, o sócio não teria parado com as ofensas. Foi feita uma denúncia à diretoria, mas o clube não tomou nenhuma medida de punição ao autor da agressão, porque não teria conseguido comprovar os fatos.

Além dos dois episódios, a Federação Domésticas-SP e o Sindicato dos Trabalhadores Domésticos do Município de São Paulo afirmam que receberam na semana passada relatos de babás que dizem se sentir "constrangidas com as exigências e privações" impostas pelo clube.

Como mostrou a coluna, o Harmonia adotou uma série de regras para a entrada e permanência dessas profissionais na sede da associação. As duas entidades dizem que as normas são discriminatórias e denunciaram a situação ao Ministério do Trabalho e Emprego. Elas organizaram uma mobilização em frente ao clube, que estava marcada para ocorrer no sábado (12).

Há restrições sobre os locais em que as babás podem ficar e até mesmo fazer suas refeições. É vetado, por exemplo, que elas frequentem os restaurantes da sede ou da piscina —a não ser que estejam "acompanhadas das crianças e dos patrões".

Sobre a vestimenta, uma das regras é sobre o uso de bermudas, que deve ser "na altura do joelho, e camiseta na cor branca, sem qualquer tipo de inscrição, estampa ou transparência, não sendo permitido o uso de shorts ou colant".

Procurado pela coluna, o Harmonia diz repudiar "veemente toda e qualquer forma de discriminação ou preconceito".

"Importante salientar que a nossa história de mais de 93 anos como instituição não contempla qualquer prática ou ação que enseje preconceito e/ou discriminação com quaisquer pessoas, incluindo os acompanhantes de associados, que recebem o mesmo atendimento oferecido em nossas dependências."

O Harmonia disse também que a mobilização organizada pelo sindicato das empregadas domésticas é um direito constitucional.

"Entretanto, entendemos que essa manifestação parte de premissas e entendimentos equivocados em relação às regras internas e normas estatutárias que estabelecem condições para o acesso de todos os públicos, inclusive não-associados, como amigos e familiares de sócios", diz o clube.

Anteriormente, o clube já tinha afirmado que as medidas adotadas "não limitam, restringem ou discriminam a presença destes acompanhantes em qualquer ambiente". "Pelo contrário. Foram adicionados espaços não-obrigatórios nos quais os visitantes têm preferência para ocupação, seguindo exatamente os mesmos padrões oferecidos aos sócios nos espaços anteriores", afirmou o Harmonia.


MIAU

Ana Frango Elétrico - Hick Duarte/Divulgação

Ana Frango Elétrico vai lançar seu terceiro álbum, "Me Chama de Gato que Eu Sou Sua", que trará canções inéditas sobre amor queer. O trabalho, que também ganhará versão em vinil, chegará às plataformas digitais no dia 20 de outubro. O lançamento é uma parceria dos selos Risco (Brasil), Mr.Bongo (Inglaterra) e Disk Union (Japão).

com BIANKA VIEIRA, KARINA MATIAS e MANOELLA SMITH

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