Mônica Bergamo

Mônica Bergamo é jornalista e colunista.

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Descrição de chapéu Caixa Econômica Federal

Laerte diz ver censura na Caixa e herança do governo Bolsonaro em fim de exposição

Cartunista expõe no mesmo espaço que abrigava mostra 'O Grito!', cancelada após pressão

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A cartunista Laerte Coutinho diz não ter dúvidas de que o cancelamento da exposição "O Grito!" pela Caixa Econômica Federal, em Brasília, foi um ato de censura. A mostra foi encerrada após a repercussão de uma imagem em que o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), aparecia dentro de uma lata de lixo ao lado da senadora Damares Alves (Republicanos-DF) e do ex-ministro da Economia Paulo Guedes.

A artista, que também está com seu trabalho exposto na Caixa Cultural da capital federal, afirma que a decisão pelo cancelamento surpreende por se dar sob a Presidência de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), embora reflita a administração de seu antecessor.

A cartunista Laerte Coutinho, em São Paulo - Rafael Roncato - 5.jun.2019/UOL

"A gente, no governo Bolsonaro, daria um suspiro e entenderia que é assim mesmo. Além de tomar todas as providências e se manifestar, claro. Mas era o governo Bolsonaro", afirma Laerte à coluna. "Agora, a gente vê que as coisas permanecem."

"O Grito!" estava em cartaz na Caixa Cultural desde o dia 17 deste mês e reunia trabalhos de sete artistas diferentes, entre eles Marília Scarabello, autora da coleção que se tornou alvo de críticas de parlamentares bolsonaristas e do centrão.

A obra "Bandeira" trazia diversas releituras da bandeira do Brasil, reunidas a partir de imagens catalogadas por Scarabello desde 2016. Além da imagem que reunia Lira, Guedes e Damares em uma lata de lixo envolta pelo símbolo nacional, outro fragmento da instalação causou espécie.

Nele, era exibido uma ilustração do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) agachado, com parte de suas calças abaixadas, defecando sobre a bandeira do Brasil. Ao cancelar a exposição, a Caixa afirmou que o "viés político-partidário" do trabalho feria as diretrizes previstas em edital.

Laerte diz que a justificativa dada para o cancelamento é "pura conversa". "A minha exposição está acontecendo patrocinada pela Caixa. E é o meu trabalho, que é de charge, de humor. Não tem como não ser ideológico, político e partidário", afirma.

"O que essa censura acaba evidenciando é isso: o campo em que a gente atua ainda é um campo estreito e sujeito a essas coisas, a essas tempestades", completa.

A cartunista minimiza o teor das ilustrações que geraram reações por parte de bolsonaristas. "O que Bolsonaro fez com esse país ainda vai demorar muito tempo para entender. Quando vem uma imagem dele 'cagando' na bandeira, acho muitos suave perto do que ele fez", afirma.

A exposição "TransLaerte", que pode ser visitada no equipamento cultural do banco em Brasília, reúne cartuns, tirinhas e charges de Laerte. Além dela, segue em cartaz a mostra "Reticências", construída a partir de obras de Yara Tupynambá e Anna Bella Geiger.

Como mostrou a coluna, a artista Marília Scarabello disse que suspendeu suas redes sociais depois de receber ataques e ameaças, iniciados após a repercussão de sua obra.

"Estou sendo agredida e desqualificada. As pessoas xingam, ameaçam. Entrei no olho do furacão, mergulhei em um verdadeiro inferno por uma narrativa falsa sobre o meu trabalho", afirmou.

Scarabello também destacou que não fez nenhuma das imagens expostas e explicou o processo de construção da peça. "Eu percebi que as pessoas pegavam a bandeira do Brasil e manipulavam, inseriam frases no lugar de 'Ordem e Progresso', faziam montagens com fotografias, charges, desenhos, colagens, tudo para se manifestar", disse.

"É um retrato do Brasil e de suas múltiplas e diversas manifestações", completou. "É uma colcha de retalhos. Há protestos pró-aborto, contra o aborto, pró-Bolsonaro, contra o Bolsonaro, contra o Lula, a favor do Lula. Meu trabalho é quase o de um colecionista. Eu não fabrico as imagens que estão lá."


TROFÉU

A cantora Marina Lima se apresentou na 19ª edição do Prêmio Empreendedor Social, na noite de terça-feira (24), no Teatro Porto Seguro, em São Paulo. O ator Bruno Gagliasso apresentou o evento, que premiou Robson Melo, fundador da plataforma Estante Mágica. O multiartista Miguel Vicente, mais conhecido como Miguelzinho do Cavaco, também se apresentou na cerimônia

com BIANKA VIEIRA, KARINA MATIAS e MANOELLA SMITH

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