Mônica Bergamo

Mônica Bergamo é jornalista e colunista.

Salvar artigos

Recurso exclusivo para assinantes

assine ou faça login

Mônica Bergamo
Descrição de chapéu USP

Coletivos negros defendem USP e dizem que comissões combatem fraudes nas cotas raciais

Coligação de Coletivos Negros da USP diz ver 'tentativa ilegítima de descredibilizar' as bancas, consideradas uma conquista histórica

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Uma articulação formada por coletivos negros da USP (Universidade de São Paulo) elaborou uma nota que defende, de forma enfática, a existência das comissões de heteroidentificação da instituição.

Responsáveis por aferir a autenticidade da autodeclaração racial dada pelos alunos que ingressam na universidade por meio do sistema de cotas, as bancas passaram a ter seus critérios questionados depois que ao menos dois estudantes processaram a instituição por terem perdido suas vagas.

Praça do Relógio da USP, localizada no campus de São Paulo da instituição - Adriano Vizoni - 26.mar.2021/Folhapress

Em nota enviada ao reitor Carlos Carlotti Junior, a Coligação de Coletivos Negros da USP, que representa alunos da graduação e da pós-graduação, afirma que a banca de heteroidentificação é a principal vitória do movimento negro universitário desde que as cotas foram instituídas na universidade paulista.

Diz, ainda, que os dois casos que vieram à tona nos últimos dias "precisam ser discutidos com responsabilidade".

"Na prática, o que tem sido visto é uma tentativa ilegítima de descredibilizar o trabalho que é fruto de uma conquista histórica do ativismo negro universitário, baseada em um ou outro caso considerado polêmico", afirma o documento enviado pelos coletivos ao reitor.

Sem citá-los nominalmente, a Coligação se refere aos casos de Glauco Dalalio do Livramento, 17, e de Alison dos Santos Rodrigues, 18, revelados pela Folha.

O primeiro foi aprovado na Faculdade de Direito e se declarou pardo, mas três comissões da USP encarregadas de analisar a veracidade das informações prestadas discordaram. O segundo, por sua vez, teve a matrícula cancelada no curso de medicina, o mais concorrido da universidade, por não ser considerado pardo.

0
Alison dos Santos Rodrigues, 18, teve a autodeclaração racial negada pela USP neste ano e perdeu a vaga em medicina - Arquivo pessoal

Para a Coligação de Coletivos Negros da USP, as discussões em torno dos dois episódios omitem as centenas de alunos negros que teriam se beneficiado da atuação das comissões, após anos de "casos escandalosos de fraude", bem como o impacto positivo das bancas para a reputação da universidade.

De acordo com a nota, a USP teria registrado mais de 1.000 denúncias de ocupações irregulares de vagas reservadas a cotistas antes da instituição das comissões de heteroidentificação.

"É preciso que esses debates se desenvolvam não com o intuito de desacreditar as bancas, mas, sim, defendê-las e aprimorá-las, reconhecendo sua eficácia na salvaguarda da política de cotas raciais", afirma a nota.

"Muitas pessoas de fenotipia não-negra se autodeclaravam como PP (pretos pardos) e ingressavam na universidade na condição de cotistas, se aproveitando dessa importante ação afirmativa, criada para corrigir as históricas distorções de acesso ao ensino superior que afetam, em especial pretos, pardos e indígenas, minorias raciais nos ambientes universitários", segue.

A coligação ainda diz que os procedimentos seguem uma série de etapas com o objetivo de evitar o cometimento de injustiças, que tanto a banca de heteroidentificação da USP quanto a banca recursal têm uma composição diversa e que todos os candidatos que por elas passam são tratados com "equidade e máximo respeito".

"É fundamental desmistificar a narrativa de que a banca é um 'tribunal racial'", afirma a nota enviada ao reitor da USP. "A heteroidentificação tem tido como objetivo a inclusão, não a exclusão, de pessoas negras, visando promover uma efetiva integração racial, conforme preconizado pelas normas que regem as políticas de cotas", completam os coletvos.

Como mostrou a coluna, o reitor da USP, Carlos Carlotti Junior, diz que a universidade vai "debater para corrigir e aprimorar" o processo de análise de estudantes que se declaram pretos e pardos para ingressar na instituição pelo sistema de cotas raciais.

Uma das medidas: as entrevistas com todos eles devem ocorrer de forma presencial, e não mais virtual.

Os candidatos hoje fazem uma autodeclaração na hora em que se inscrevem no processo seletivo. Posteriormente, para evitar fraudes, comissões da USP avaliam se a informação é verdadeira.

Leia, abaixo, a íntegra da nota da Coligação de Coletivos Negros da USP:


SOM

A produtora musical Vivian Kuczynski - Divulgação

A produtora musical Vivian Kuczynski assina a produção e a mixagem da canção de abertura da mais nova novela das sete da TV Globo, "Família É Tudo". "Jardins da Babilônia", de Rita Lee, é interpretada pelos cantores Jão e Julia Mestre e também passou pelas mãos de Zebu, parceiro musical de Kuczynski.

Com apenas 20 anos de idade, a produtora e engenheira de mixagem acumula colaborações com nomes como Pabllo Vittar, Junior Lima, Alice Caymmi e Bruno Capinan. Ao lado de Zebu, assinou a direção musical da "Superturnê", de Jão.

Para maio deste ano, ela prepara o lançamento de seu segundo álbum de estúdio.

Em 2020 e em 2022, Kuczynski recebeu indicações na categoria "Melhor Produtora Musical" do WME (Women's Music Events Awards), o maior prêmio da música dedicado a mulheres na América Latina.

com BIANKA VIEIRA, KARINA MATIAS e MANOELLA SMITH; colaborou LUANA LISBOA

LINK PRESENTE: Gostou deste texto? Assinante pode liberar cinco acessos gratuitos de qualquer link por dia. Basta clicar no F azul abaixo.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.