Mônica Bergamo

Mônica Bergamo é jornalista e colunista.

Salvar artigos

Recurso exclusivo para assinantes

assine ou faça login

Mônica Bergamo
Descrição de chapéu MST

MTST protesta em frente ao Theatro Municipal após vereador manter homenagem a Michelle Bolsonaro no local

Autor da proposta afirma não ter sido notificado de decisão judicial que proíbe a cerimônia de entrega do título cidadã paulistana à ex-primeira-dama no teatro

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Clara Bastos Karina Matias

Integrantes do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto) fizeram, na manhã desta segunda (25), um protesto na frente do Theatro Municipal de São Paulo contra a realização da cerimônia de entrega do título de cidadã paulistana à ex-primeira dama Michelle Bolsonaro no local.

Embora decisão judicial da última sexta-feira (22) tenha proibido que o evento seja feito no teatro, o vereador Rinaldi Digilio (União Brasil), autor da proposta da homenagem, disse que não foi notificado e que manterá a cerimônia programada para a noite desta segunda (25).

Integrantes do MTST protestam contra realização de cerimônia de entrega do título de cidadã paulistana à ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro no Theatro Municipal de São Paulo
Integrantes do MTST protestam contra realização de cerimônia de entrega do título de cidadã paulistana à ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro no Theatro Municipal de São Paulo - Clara Bastos/Folhapress

"Michelle não nos representa", afirmava o grupo.

"O povo paulistano não pode ser desrespeitado dessa maneira. É um escárnio a concessão do título de cidadania honorária paulistana à Michelle Bolsonaro tendo em vista os desdobramentos da investigação dos atos golpistas de 8 de janeiro, onde se apresentam tantos indícios do envolvimento de Bolsonaro e sua família na idealização e planejamento do golpe", diz Débora Lima, presidente do PSOL São Paulo e coordenadora nacional do MTST.

A proibição do evento no Theatro Municipal de São Paulo atende a uma ação apresentada pela deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP) e pela ativista Amanda Paschoal.

Em decisão em primeira instância, a juíza Paula Micheletto Cometti, da 12ª Vara de Fazenda Pública do TJ-SP, havia permitido a realização do evento. A parlamentar e a ativista, então, recorreram.

Na sexta (22), o desembargador Martins Vargas, em decisão monocrática, determinou que a cerimônia ocorra na Câmara Municipal de São Paulo, sob pena de multa de R$ 50 mil caso a determinação não seja cumprida.

Ele afirma que há "indícios contundentes" de que a transferência do evento para o Theatro Municipal viola "os princípios da administração pública".

A ação protocolada denunciava que o evento iria gerar gastos extras ao poder público e teria características "visivelmente políticas e eleitorais". O atual prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), é pré-candidato à reeleição e é apoiado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), marido de Michelle.

O teatro foi cedido pela gestão Nunes após solicitação do vereador Digilio. A prefeitura diz que o pedido "foi tratado como cessão não onerosa, em face do requisitante ser um ente público".

O desembargador Martins Vargas, porém, afirma que há custos mínimos para a realização do evento.

"Os documentos que instruem a inicial, por ora, deram conta de demonstrar a existência da cobrança de valor mínimo, correspondente a custos referentes às operações necessárias a realização do evento solicitado, tais como a contratação de produtores extras, orientadores de público e demais prestadores de serviço para acompanhamento do evento, segurança patrimonial, brigadistas, limpeza, suprimentos de limpeza e uso sanitário, gerador e ar condicionado, entre outros, mesmo nas hipóteses de cessão não onerosa do espaço do Theatro Municipal", diz a decisão.

E segue: "Por consequência, tem-se que a possível inobservância do dever de proteção ao erário pelo agente público cria relevante risco de violação à moralidade administrativa que impende o exercício do controle judicial".

Normalmente, cerimônias deste tipo ocorrem na própria Câmara. No pedido para a realização do evento no Theatro Municipal, o vereador Rinaldo Digilio afirmou que o espaço legislativo não comportaria o número de convidados.

"Nesse sentido, destaca-se a possível justificativa pertinente a suposta ausência de espaço físico no Palácio Anchieta para comportar o público presente na solenidade, a qual não se coaduna com a informação extraída do próprio sítio eletrônico da Câmara dos Deputados, no sentido de que o evento será transmitido ao vivo pelo canal Câmara São Paulo no Youtube e, tampouco, com a notícia da realização de distribuição limitada de ingressos pelo agravado vereador Rinaldi Digilio nas redes sociais, mediante ressalva de que as ‘as vagas são limitadas’ do que se extrai, por ora, a conclusão de que a cerimônia de essência representativa cidadã tenha ganhado uma conotação particular", afirma ainda a decisão.

Sobre a denúncia de que o evento supostamente configuraria propaganda eleitoral antecipada, o desembargador diz que "não compete a este juízo, devendo ser postuladas em âmbito eleitoral competente".

O decreto legislativo que dá a honraria a Michelle foi aprovado pela Câmara Municipal de São Paulo em novembro do ano passado.

com BIANKA VIEIRA, KARINA MATIAS e MANOELLA SMITH

LINK PRESENTE: Gostou deste texto? Assinante pode liberar cinco acessos gratuitos de qualquer link por dia. Basta clicar no F azul abaixo.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.