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Mônica Bergamo é jornalista e colunista.

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Descrição de chapéu violência

Preparadora de atores acusada de abusos em set perde ação de R$ 30 mil

Juíza negou ação de Fátima Toledo contra atriz que disse ter sido torturada e xingada por ela em bastidores de filme; cabe recurso

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A Justiça de São Paulo negou um pedido de indenização por danos morais feito pela preparadora de elenco Fátima Toledo contra a atriz Denise Weinberg. Cabe recurso à decisão.

Toledo pedia o pagamento de R$ 30 mil por declarações dadas pela artista em redes sociais e entrevistas, em que ela acusou a preparadora de uma série de abusos físicos e psicológicos nos bastidores do filme "Linha de Passe", em 2008.

Fotomontagem da preparadora de elenco Fátima Toledo - Marlene Bergamo/Folhapress

"Fui torturada. Botaram o pé na minha nuca, mandaram dizer que eu era uma merda. Ela [Fátima] falou na minha cara a merda de atriz que eu era, que não precisava de atrizes. Eu tive sequelas. Falei da humilhação, mas é uma violação dos direitos humanos. Tive hemorragia, perdi a voz", afirmou Weinberg em entrevista ao site Notícias da TV, em 2021.

Fátima Toledo, que é conhecida por seus trabalhou nos filmes "Tropa de Elite" (2007) e "Marighella" (2021), negou qualquer fala ou ato violento durante a preparação da atriz para o longa "Linha de Passe". Na ação, ela pedia a indenização alegando que, se Denise tivesse se sentindo vítima de "atos tão graves, poderia ter buscado a reparação através de eventuais medidas judiciais cabíveis, contudo não o fez".

A juíza Marcela Machado Martiniano, da 25ª Vara Cível do Tribunal de Justiça de São Paulo, julgou improcedente o pedido e condenou a preparadora de elenco ao pagamento integral das custas e despesas processuais, assim como dos honorários advocatícios.

Em sua decisão, a magistrada afirma que Toledo não conseguiu comprovar a ocorrência dos danos morais. "As palavras lançadas pela ré [Denise Weinberg], conquanto possam revestir-se de teor bastante incômodo e deselegante, voltam-se todas à atuação profissional da preparadora de elenco e à insatisfação com o método por ela aplicado, representando legítimo exercício do direito à liberdade de expressão, constitucionalmente consagrado", diz Martiniano.

A juíza também diz que não está em julgamento a legalidade do método de trabalho aplicado por Fátima, mas, sim, "o direito de reclamação daquela que se viu insatisfeita e abalada com as práticas aplicadas".

Na decisão, a magistrada afirma ainda que a própria Fátima Toledo, ao se defender, reconheceu que seu método de trabalho não é unanimidade no meio artístico e que, portanto, estava "sujeita a severas críticas".

"Da análise das provas, não se vislumbram ofensas e direcionamentos negativos à autora por um lado pessoal, mas, sim, apenas críticas decorrentes de sua atuação como profissional, manifestadas dentro da razoabilidade que se mede à luz do caráter extremamente controverso do método utilizado pela autora", decidiu a juíza.

Em uma de suas declarações públicas, Weinberg disse que Fátima é uma "pessoa do mal, que não entende nada sobre nosso ofício, que me provocou uma hemorragia muito séria por suas condições bárbaras de treinamento, dignas de uma fascista e torturadora".

A juíza pontua que "algumas palavras evoluem ao longo do tempo a ponto de perderem seu significado original", e que isso se aplica ao termo "fascista" usado pela atriz. "Da forma como exposta na manifestação da requerida, por óbvio, não se refere ao viés político da autora, de modo a insinuar que tenha ela qualquer idolatria ou simpatia pelo regime fascista."

Após as declarações da atriz em 2021, a ONG Respeito em Cena lançou um manifesto contra violência no set, que reuniu mais de 200 assinaturas. Na época, vários profissionais do universo da dramaturgia, como Paulo Betti, Guta Stresser e Daniel Dantas, se solidarizaram com o relato assinando o documento.

Outros atores, como Wagner Moura e Bruno Gagliasso, defenderam o método de Fátima Toledo.


À MESA

O comediante Renato Aragão foi homenageado em um jantar que contou com convidados como o ator Rafael Aragão, que faz o humorista no musical "Adorável Trapalhão", e o diretor do espetáculo, José Possi Neto. O evento foi realizado na casa do escritor e ex-secretário de Educação de São Paulo Gabriel Chalita, na capital paulista, na noite de terça (23). O produtor Fernando Poli e o marido, o ator e cantor Tiago Abravanel, estiveram lá.

com BIANKA VIEIRA, KARINA MATIAS e MANOELLA SMITH

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