Mônica Bergamo

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Descrição de chapéu Boxe LGBTQIA+

Moro se junta a Milei e Musk em ataque a boxeadora que falhou em teste de gênero

Atleta não se declara trans e foi desqualificada do mundial por 'níveis elevados de testosterona'; COI afirma que teste não é perfeito

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A boxeadora argelina Imane Khelif foi alvo de ataques do senador Sergio Moro (União Brasil-PR), do presidente da Argentina, Javier Milei, e do empresário Elon Musk, dono da rede social X, após a sua estreia nos Jogos Olímpicos nesta quinta (1º).

Sua rival, a italiana Angela Carini, desistiu do combate após apenas 46 segundos. Os comentários afirmam, em sua maioria, que a argelina seria uma mulher transexual.

Os ataques partiram também de bolsonaristas como os deputados federais Nikolas Ferreira (PL-MG) e Mario Frias (PL-SP), que afirmam que foi normalizado "homem bater em mulher".

Uma atleta de boxe, vestida com um uniforme vermelho, está sentada no canto do ringue. Ela tem cabelo trançado e está segurando a cabeça com uma das mãos. Um treinador está atrás dela, ajustando algo em seu uniforme. O ambiente é de uma competição de boxe, com espectadores ao fundo.
Imane Khelif, da Algéria, deixa o ringue após vitória contra a italiana Angela Carini - Mohd Rasfan/AFP

A atleta não se identifica como uma pessoa trans. O tema foi parar nos assuntos mais comentados do X, com hashtags que pediam, inclusive, boicote aos Jogos.

A argelina participou das Olimpíadas de Tóquio, sendo derrotada nas quartas de final pela campeã da categoria naquele ano, a irlandesa Kellie Harrington.

O COI (Comitê Olímpico Internacional) já reafirmou a legalidade da participação de Khelif no torneio e disse que todas as atletas preenchem as "regras de elegibilidade".

Na partida desta quinta, a italiana decidiu abandonar o ringue depois de receber um potente direto no rosto. Após o golpe, Carini levantou o braço e foi para o seu canto falar com o seu treinador, que comunicou com as mãos a desistência ao árbitro.

Khelif é uma das duas boxeadoras cuja presença em Paris tem gerado polêmica depois de terem sido desqualificadas do Mundial de 2023 por não passarem nos testes de elegibilidade de gênero.

Elas, no entanto, foram consideradas aptas para os Jogos de Paris.

O Comitê Olímpico Internacional (COI) indica que Khelif, de 25 anos, foi desqualificada do Mundial por "níveis elevados de testosterona que não atendiam aos critérios de elegibilidade".

A taiwanesa Yu Ting Lin, que estreará na sexta-feira (2) na categoria até 57 kg, foi desqualificada pelo mesmo motivo do Mundial de 2023, organizado pela Federação Internacional de Boxe (IBA).

Ambas as boxeadoras competiram nas últimas Olimpíadas.

"Todas as que competem na categoria feminina o fazem cumprindo as regras de elegibilidade da competição", afirmou o porta-voz do COI, Mark Adam, em defesa das duas lutadoras. A entidade assumiu a organização do boxe olímpico devido a problemas de governança, financeiros e éticos da IBA.

"São mulheres em seus passaportes e está estabelecido que são mulheres", disse ainda. "O teste de testosterona não é um teste perfeito. Muitas mulheres podem ter níveis de testosterona iguais ou semelhantes aos dos homens, sem deixar de ser mulheres".

com BIANKA VIEIRA, KARINA MATIAS e MANOELLA SMITH

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