Mônica Bergamo

Mônica Bergamo é jornalista e colunista.

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Descrição de chapéu São Paulo

Pablo Marçal sobe em pesquisas, ataca Carlos Bolsonaro e vira alvo da família

Coach chamou filho de ex-presidente de rancoroso e raivoso e foi xingado de cagão e 'filho da p.' pelos bolsonaristas

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Ataques feitos pelo candidato Pablo Marçal (PRTB) ao vereador Carlos Bolsonaro (PL-RJ) e o salto dele nas pesquisas, dragando votos entre eleitores bolsonaristas, levaram a família de Jair Bolsonaro (PL) a contra-atacar o coach —e a tomar uma série de iniciativas para reforçar o apoio à reeleição do prefeito Ricardo Nunes (MDB).

Nesta quinta-feira (22), Bolsonaro respondeu a um comentário em que Marçal o elogiava dizendo "pra cima, capitão. Como você disse: eles vão sentir saudades de nós". O ex-presidente então postou: "Nós? Um abraço".

O candidato à Prefeitura de São Paulo Pablo Marçal (PRTB) em debate promovido por Faap, Estadão e Terra, na capital paulista - Bruno Santos - 14.ago.2024/Folhapress

Bolsonaro também distribuiu em suas listas de WhatsApp um vídeo em que Marçal afirmava que ele e Lula (PT) eram "farinha do mesmo saco", reforçando que não apoia a candidatura do coach a prefeito de São Paulo.

Já o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) escreveu no mesmo comentário em que o coach elogiava seu pai: "Estranho. Em 2022 você disse que a diferença entre Lula e Bolsonaro é que um deles tinha 1 dedo a menos. Só acordou agora? Tá parecendo até o [senador Hamilton] Mourão...".

Disse também que Marçal era "arregão" por se negar a dar entrevista ao influencer Paulo Figueiredo em que seria questionado sobre o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes. Pelo mesmo motivo, o bolsonarista Allan dos Santos chamou o coach de "filho da p." no Twitter.

De acordo com interlocutores de Bolsonaro, a ficha dele e da família caiu a partir do momento em que Marçal começou a conquistar votos de eleitores de direita mesmo sem o apoio do ex-presidente —e até mesmo criticando um de seus filhos.

Bolsonaro foi alertado de que isso seria uma ameaça à solidez de sua liderança na direita.

Na quarta (21), o instituto Atlas mostrou que Marçal subiu de 11,4% para 16,3%, se aproximando perigosamente de Nunes, que apareceu com 21,8%.

Além de a família e aliados baterem boca com o próprio Marçal nas redes sociais nesta semana, houve movimentos para reforçar publicamente o apoio deles a Ricardo Nunes, numa tentativa de estancar o crescimento do coach nas pesquisas.

O deputado federal Eduardo Bolsonaro chegou a gravar uma longa entrevista, ainda inédita, com Nunes questionando o prefeito sobre questões caras ao eleitorado bolsonarista, como drogas, desmilitarização, desarmamento e aborto.

Nunes pôde explicar até um vídeo em que ele aparece apoiando Joice Hasselmann. Candidata a vereadora, ela é considerada traidora e arqui-inimiga da família.

A conversa de Eduardo Bolsonaro com Nunes tem o objetivo de convencer o eleitorado bolsonarista de que o prefeito defende o que seriam seus valores, desmentindo ataques feitos a ele por Marçal. Ela será divulgada pelo parlamentar em pílulas em suas redes sociais.

Na semana passada, Marçal afirmou em uma entrevista ao canal Brasil Paralelo que Carlos Bolsonaro "foi um cara importante para ganhar a eleição, na primeira [em 2018, quando Jair Bolsonaro foi eleito presidente] e determinante para perder a segunda [em 2022, quando Lula venceu]. Um cara rancoroso, raivoso, não fala com ninguém".

O coach tocou ainda em uma questão familiar delicada ao dizer que Carlos "não deixa o Bolsonaro seguir a [ex-primeira-dama] Michelle no Instagram, para você ter uma noção".

"A gente tem algumas pessoas dentro do bolsonarismo, tipo o Carlos Bolsonaro, que usam o sistema dele para ver se me ataca para ver se eu me levanto contra o pai dele. Eu não vou [me] levantar", disse ele em outra entrevista.

No dia 16, Bolsonaro chegou a elogiar Marçal em uma entrevista, dizendo que ele era "uma pessoa inteligente" que "tem suas virtudes". Disse ainda que Nunes não era o "candidato dos sonhos" do bolsonarismo, mostrando descontentamento com os rumos da campanha municipal.

O salto de Marçal nas sondagens, no entanto, fez com que bombeiros como o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP), e Fabio Wajngarten entrassem em campo para colocar água na fogueira e reaproximar o ex-presidente do atual prefeito.

com BIANKA VIEIRA, KARINA MATIAS e MANOELLA SMITH

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