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Multiempreendedora e fundadora do Natalia Beauty Group

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Descrição de chapéu Todas

Desmascarando o inimigo silencioso: o machismo feminino que sabota nossa ascensão

O machismo das mulheres é um reflexo de uma sociedade que durante séculos silenciou e subjugou o feminino

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Desde o início da minha jornada no empreendedorismo, percebi que o caminho estaria repleto de desafios. Contudo, nada me preparou para enfrentar uma das maiores batalhas: o machismo estrutural, não apenas vindo de homens, mas, surpreendentemente, das próprias mulheres. Ao longo da minha carreira, essa realidade se mostrou presente em diversas facetas, desde a resistência em acatar comandos até a desvalorização de minhas opiniões e decisões.

Quando comecei, armada com paixão e determinação, logo percebi que minha voz, muitas vezes, ecoava em um vazio de desconsideração. Fornecedores, parceiros e, de forma mais dolorosa, colaboradoras mostravam relutância em aceitar que uma mulher pudesse liderar com a mesma competência e autoridade de um homem. Era como se meu gênero me colocasse em desvantagem, minando minha credibilidade antes mesmo de eu falar.

A resistência me levou a uma decisão controversa: trazer meu marido para o negócio. Inicialmente, essa escolha foi estratégica, visando fortalecer a estrutura administrativa da empresa. No entanto, não demorou para que uma realidade desconcertante se revelasse. Subitamente, ideias e diretrizes que antes eram ignoradas ou questionadas quando partiam de mim, eram acatadas sem hesitação quando reiteradas por ele. A figura masculina, mesmo expressando exatamente os mesmos pontos, era vista com mais seriedade e respeito.

Esse fenômeno, que eu chamo de machismo estrutural feminino, foi uma das experiências mais frustrantes e reveladoras. Percebi que o machismo está tão enraizado em nossa sociedade que afeta não apenas como os homens veem as mulheres, mas também como as mulheres se veem e veem umas às outras. Havia uma desvalorização intrínseca, um condicionamento para ver a autoridade masculina como mais legítima.

Refletindo sobre essas experiências, entendi a importância de desafiar esse ciclo. Se tornou claro para mim que, além de lutar por meu espaço como mulher empreendedora, eu tinha uma responsabilidade maior: contribuir para mudar essa percepção não só no ambiente de trabalho, mas na sociedade como um todo. A presença do meu marido no negócio deixou de ser apenas uma estratégia administrativa e se transformou em uma oportunidade para destacar e combater o machismo estrutural que permeia até mesmo as relações entre mulheres.

Minha jornada me ensinou a importância da empatia, do respeito mútuo e da valorização da competência independentemente do gênero. Se tornou meu objetivo fomentar um ambiente onde vozes femininas sejam ouvidas e respeitadas, não apenas por homens, mas, principalmente, por outras mulheres. A luta contra o machismo estrutural exige que reconheçamos e desfaçamos nossos próprios preconceitos internalizados, criando espaços que promovam a igualdade e o respeito por todas as vozes.

Na minha opinião, o machismo das mulheres é um reflexo de uma sociedade que durante séculos silenciou e subjugou o feminino. Reconhecê-lo é o primeiro passo para desmantelá-lo. Como líder, meu compromisso é com a mudança, promovendo uma cultura de igualdade e empoderamento feminino em todas as esferas de atuação. A jornada é longa e complexa, mas acredito firmemente que, juntas, podemos construir um futuro em que o respeito e a igualdade não sejam exceção, mas a regra.

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