Natalia Beauty

Multiempreendedora e fundadora do Natalia Beauty Group

Salvar artigos

Recurso exclusivo para assinantes

assine ou faça login

Natalia Beauty
Descrição de chapéu Todas Família violência

Bullying não é brincadeira: o grito silencioso que quase tirou a vida da minha filha

Sensação de rejeição, isolamento e humilhação gerados pelo bullying podem destruir a autoestima de qualquer criança

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Há pouco tempo, vivi um dos momentos mais difíceis como mãe. Minha filha, Julia, de apenas 10 anos, foi vítima de bullying na escola. O que parecia ser um ambiente seguro para ela se tornou um lugar de dor. Eu, como mãe, só percebi a gravidade quando Julia escreveu uma carta, um verdadeiro pedido de socorro. Nessa carta, ela implorava às colegas que, se quisessem, podiam enfiar uma faca no peito dela, contanto que não deixassem de ser suas amigas. Isso partiu meu coração. A dor chegou a tal ponto que Julia, em um impulso desesperado, teve uma atitude que poderia ter tirado sua vida.

Essa experiência me fez enxergar o quanto o bullying tem sido normalizado, tanto por algumas escolas quanto por pais que minimizam os ataques, considerando-os "brincadeiras de criança". Como empresária e mãe, sempre procurei ensinar meus filhos a serem respeitosos e empáticos, mas nada me preparou para ver minha filha chegar a esse ponto.

Fotografia mostra a imagem de um menino triste, sentado no chão de cabeça baixa e com as mãos no pescoço, ao lado de um computador
Essa experiência me fez enxergar o quanto o bullying tem sido normalizado, tanto por algumas escolas quanto por pais que minimizam os ataques, considerando-os 'brincadeiras de criança' - myboys.me/Adobe Stock

Estudos recentes mostram que o impacto do bullying nas vítimas é devastador. Um relatório do Unicef de 2023 revelou que 1 em cada 3 estudantes no mundo já foi vítima de bullying, e o número de crianças que desenvolvem problemas psicológicos graves, como ansiedade, depressão e até pensamentos suicidas, cresce a cada ano. A pesquisa Global School-Based Student Health Survey aponta que os efeitos emocionais podem se estender por toda a vida, impactando também a vida adulta, e muitas vezes não são levados a sério pelas escolas e famílias.

No caso de Julia, depois desse episódio, foi necessário intensificar sua terapia e buscar abordagens multidisciplinares para ajudá-la a enfrentar o trauma. A sensação de rejeição, o isolamento e a humilhação gerados pelo bullying podem destruir a autoestima de qualquer criança. O que mais me assusta é que, após desabafar nas redes sociais sobre o caso, recebi milhares de mensagens de pais relatando que também vivem situações parecidas. E pior: centenas de meninas, seguidoras mirins, confessaram passar por bullying na escola, mas não contavam aos pais por medo de não serem acreditadas.

Precisamos parar de normalizar o bullying. Não é uma fase, não é coisa de criança, e definitivamente não deve ser tratado como algo sem importância. Como pais, temos a responsabilidade de observar nossos filhos, perceber mudanças de comportamento e estar atentos aos sinais. No meu caso, eu poderia nunca ter descoberto se Julia não tivesse escrito aquela carta.

É hora de repensarmos nossas atitudes. Precisamos ouvir nossos filhos com empatia, observar o que eles não conseguem expressar com palavras, e lutar para que o ambiente escolar seja um local de respeito e acolhimento. Afinal, o silêncio em casa e nas escolas pode custar vidas. Fica aqui o meu apelo: prestem atenção. O bullying pode ser invisível, mas suas consequências são profundas e podem ser irreversíveis.

Como parte da iniciativa Todas, a Folha presenteia mulheres com três meses de assinatura digital grátis

LINK PRESENTE: Gostou deste texto? Assinante pode liberar sete acessos gratuitos de qualquer link por dia. Basta clicar no F azul abaixo.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.