Ao longo da semana, enquanto a cobertura geral saudava o retorno do Estado com Joe Biden, o Wall Street Journal publicava uma sequência de manchetes na direção contrária, evidenciando a concentração de poder econômico nos EUA.
Google, Amazon, Facebook, Apple e Microsoft divulgaram seus resultados para o primeiro trimestre, deixando a cobertura financeira sem fôlego.
No dado mais afeito à mídia, as receitas com publicidade de Google e Facebook saltaram, respectivamente, 34% e 46%, em relação ao mesmo período do ano passado.
Somado, o lucro das cinco cresceu 105%. A receita, 41%. E sua atuação se estendeu para outras áreas, passando a abranger muito do que promete ser a nova economia de consumo, pós-pandemia.
Com isso, anotou o Financial Times, o mercado financeiro até esqueceu temporariamente o temor de uma eventual intervenção estatal "para limitar o poder —e os lucros— do Big Tech".
O modelo para essa intervenção por Biden, como em muito do que ele vem anunciando para os EUA, poderá ser a China de Xi Jinping.
Os reguladores chineses impuseram uma multa de 18,2 bilhões de yuans (R$ 15,3 bilhões) ao Alibaba, em ação retratada, na cobertura americana, como tendo por alvo Jack Ma, fundador da empresa e suposto adversário de Xi.
Mas a capa mais recente da Caixin ressalta que a multa foi o "início da repressão à atividade anticompetitiva" na internet chinesa, "onde alguns titãs dominam cada vez mais a vida diária dos consumidores".
No destaque da principal publicação financeira do país, "não existe experiência internacional com que aprender, para o caso antitruste da China, o que significa que pode ser a primeira a fazer progresso".
Fechando o mês, os reguladores anunciaram na sexta uma primeira rodada de multas por ações monopolistas contra Tencent e outras dez empresas de tecnologia, inclusive Didi, do aplicativo brasileiro 99.
No vídeo explicativo da Bloomberg, "na China existe um duopólio do Alibaba e da Tencent que reúne tudo, desde compras a seguros, e os reguladores estão exigindo um campo de jogo mais nivelado".
E no vídeo quase didático do WSJ, "EUA também estão mirando Big Tech, mas veja aqui como a China se move mais rápido".
As gigantes americanas sabem que a regulação começou, não só na China, mas na Europa, e passaram a pressionar Biden a buscar aliados para não permitir que ela acabe indo longe demais, como levantou o Axios, voltado aos bastidores de Washington.
Ações de outros países já estariam sendo copiadas por alguns estados americanos. Especialistas/lobistas falam que "os EUA precisam trabalhar com a União Europeia em uma estrutura regulatória antes que países não democráticos assumam a liderança".
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