Em extensa reportagem de capa, o Wall Street Journal mobilizou seis correspondentes, inclusive no Brasil, mas sobretudo no México, para mostrar que a "Migração Latino-americana se transforma num êxodo em massa", em direção aos EUA.
As cenas dos haitianos tratados como gado no Texas "refletem a mistura mais ampla de nacionalidades que fogem das economias afetadas pela pandemia".
Até recentemente, eram famílias de Guatemala, Honduras e El Salvador. "De repente", centenas de milhares passaram a chegar de "seis nações: Equador, Brasil, Haiti, Cuba, Nicarágua e Venezuela". Um abrigo "parece Babel".
O jornal ouve o brasileiro Sidmar Pereira, que foi com a mulher e três filhos de São Paulo para Ciudad Juárez, ainda no México, e gostaria de se estabelecer em Massachusetts, onde tem um primo. "Eles não têm trabalhadores o bastante", diz ele.
O número de brasileiros encontrados pela polícia americana, na fronteira, cresceu 778% em 2021, em relação à média 2015-19. O de haitianos disparou, 6.481%.
Muitos já haviam deixado o Haiti após o terremoto de 2010, "mudando para sul-americanos como o Brasil". Com subempregos, ficaram "particularmente vulneráveis ao choque econômico da pandemia".
É o caso de Daphney Juse, que "fugiu da pobreza no Brasil e agora vive nas ruas do México", à espera de uma chance para entrar nos EUA.
RACISMO
Na manchete do New York Times, no meio do dia, "Diplomata sênior dos EUA para o Haiti renuncia, citando deportações 'desumanas'", para um país em que já não viviam.
No Washington Post, que publicou a íntegra da carta do diplomata, "Acusações de racismo aumentam conforme haitiano-americanos e aliados se unem para protestar contra a crise de Biden na fronteira".
ANGLO-SAXÕES CONTRA NÃO CAUCASIANOS
No WP, em coluna sobre a parceria nuclear americana com Austrália e Reino Unido, "Política externa dos EUA já foi totalmente voltada para raça. Se não tomar cuidado, raça pode voltar".
Sublinha como a cobertura, da americana Atlantic ao Times of India, entre diversos indianos, descreve o novo grupo como "anglo-saxão", reproduzindo a imagem de "confronto de civilizações".
E lembra que a estratégia contra a China se desenvolveu em 2019, com o Departamento de Estado alertando ser "a primeira grande potência concorrente que não é caucasiana".
ADEUS, MERKEL
Em textos de despedida da chanceler alemã Angela Merkel, Economist e WSJ enfatizam como ela se afastou dos EUA e se aproximou da China. Ela "deixa para trás uma bagunça", critica a revista britânica, após "se aconchegar" a Pequim por razões comerciais.
Já o jornal americano reconhece "o declínio constante da confiança na América" —e relata como, consultada pela Casa Branca para receber a primeira ligação de Biden como presidente, Merkel não quis:
"Ela recusou a oferta de um telefonema naquela tarde de sexta porque estaria em sua casa de campo perto de Berlim, onde passa alguns fins de semana cuidando de sua horta e caminhando à beira do lago."
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