Nelson de Sá

Correspondente da Folha na Ásia

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Nelson de Sá
Descrição de chapéu toda mídia

China discute usar Cips, seu sistema de pagamentos, para negócios com a Rússia

Imprensa chinesa projeta expansão do mecanismo após EUA barrarem russos no Swift; Pequim e Moscou ampliam acordos sobre trigo e gás

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O anúncio pelos EUA, desta vez apoiados pela Alemanha, de que vão retirar "alguns bancos" russos do Swift, seu sistema de pagamentos bancários, fez aparecer em destaque nos sites chineses um concorrente até então pouco mencionado, o Cips, que usa a moeda chinesa.

A atenção é mais extensa no portal Guancha, de Xangai, do investidor Eric X. Li. Já no domingo, publicava textos alertando que, com a decisão, os EUA buscam tornar a Rússia "financeiramente isolada como o Irã, mas testam objetivamente para a China".

O fato de bancos iranianos terem resistido a decisão semelhante, quando os EUA abandonaram o acordo nuclear em 2018, foi detalhado numa segunda análise, listando limites do Cips, criado em 2015. Em suma, "é um desafio, mas também uma oportunidade".

O Guancha também entrevistou Chen Xin, da Universidade Jiao Tong de Xangai, que lembrou que o Cips, como o Swift, "ainda depende de bancos" para a conexão das operações, e "os EUA podem sancionar esses bancos", afetando o mecanismo.

A discussão avançou pela Caixin (imagem acima), principal veículo financeiro do país, de Pequim, com análises amplas e complementares em seus sites em chinês e inglês. Discute pontos como uma maior integração do Cips com o sistema russo de pagamentos, SPFS.

Mais importante, ouve do economista-chefe da Northeast Securities, Fu Peng, que, "se você olhar para a Rússia isoladamente, em princípio haverá um grande impacto", nos mercados financeiros, na taxa de câmbio e até no comércio.

"Mas no nível da economia o impacto pode não ser tão significativo, embora isso vá depender em grande parte da atitude da China. A Rússia tem matérias-primas e a China tem capacidade industrial. Essa cadeia reduz muito os riscos para a Rússia."

Também o South China Morning Post, de Hong Kong, mantido pelo Alibaba do bilionário Jack Ma, produziu uma longa análise sobre o Cips, depois da "opção nuclear" dos EUA e da Europa de usar o Swift para sancionar a Rússia. Conclui, em suma, ouvindo analistas:

"A ação de banir certos bancos russos do Swift provavelmente acelerará a expansão do sistema de pagamentos e liquidação de Pequim."

TRIGO E GÁS

Sobre a atitude chinesa, um primeiro sinal, anota a Caixin, veio na quarta passada, quando a administração alfandegária aprovou a importação de trigo de todas as regiões da Rússia, "dando ao país uma alternativa aos mercados ocidentais", sobretudo o europeu.

A Caixin noticiou ainda, com Bloomberg, que a petroleira russa Gazprom "deu um novo passo em direção ao seu maior acordo de fornecimento de gás natural de todos os tempos, com a China, ao assinar um contrato para projetar o gasoduto Soyuz Vostok".

EFICÁCIA DAS SANÇÕES DEPENDE DA CHINA

O Frankfurter Allgemeine Zeitung destaca relato de seu correspondente econômico em Xangai, dizendo que "a eficácia das sanções depende cada vez mais de como a China se posiciona".

Cita o próprio chefe de política externa da União Europeia, Josep Borrell, que "admitiu que nos últimos anos o banco central russo transferiu as reservas internacionais para países onde o Ocidente não poderia congelá-las".

Segundo o jornal alemão, "a Rússia não só armazena 15% de suas reservas na China", o equivalente a US$ 90 bilhões, mas pode acessar outros US$ 25 bilhões através de um acordo de "swap" entre os bancos centrais dos dois países.

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