Na manchete do Wall Street Journal ao longo da quinta (2), a Arábia Saudita anunciou que vai elevar a produção de petróleo, "armando o palco para a visita de Joe Biden" ao mandatário saudita, Mohammed bin Salman, conhecido como MBS, antes do fim do mês.
Ela "marca uma reversão para Biden, que criticava repetidamente a Arábia Saudita pelo assassinato em 2018 do jornalista Jamal Khashoggi", colunista do Washington Post. "Como candidato, Biden disse que os faria pagar e os tornaria párias."
Bloomberg e outros já vinham projetando a visita de Biden a MBS, como parte de uma negociação para conter a "espiral dos preços da gasolina nas EUA", a meses das eleições de meio de mandato.
Nesta quinta, o New York Times de início só noticiou a resposta da Casa Branca, pela nova porta-voz, Karine Jean-Pierre, de que "Biden mantém seu compromisso de tornar a Arábia Saudita um pária após o assassinato brutal de Khashoggi".
Não era verdade, admitiu o jornal horas depois, confirmando que "Biden viajará para a Arábia Saudita, encerrando seu status de pária", que foi até manchete. "Ele se reunirá com Mohammed bin Salman, considerado responsável pelo assassinato."
'DE FORMA MUITO PASSAGEIRA'
A Reuters despachou, de Washington, que "Biden e Bolsonaro terão conversas amplas na Cúpula das Américas" na semana que vem. A Casa Branca listou "segurança alimentar, mudança do clima e recuperação da pandemia", ressaltou a agência.
Ou seja, o presidente americano não vai priorizar democracia no encontro de ambos. "A oferta de um encontro bilateral [por Biden] ajudou a convencer Bolsonaro, segundo pessoas a par do assunto", a comparecer à cúpula —que estava ameaçada de fracassar.
"Perguntado se Biden levantaria preocupações sobre o questionamento de Bolsonaro ao sistema eleitoral, seu assessor para América Latina, Juan Gonzalez, disse apenas que os EUA 'têm confiança nas instituições eleitorais do Brasil'", anotou a agência.
A CNN Brasil entrevistou o secretário das Américas do Itamaraty, Pedro Miguel da Costa e Silva, que negocia o encontro e também prevê "muitos temas de uma agenda rica, positiva, variada". Questionado sobre "como os EUA enxergam as eleições", respondeu:
"No contato que eu tive, no diálogo de alto nível com os dois subsecretários americanos, foi tratado de forma muito passageira, em que eles ressaltaram a confiança que têm na democracia brasileira. Foi só isso que foi falado. Não houve debate sobre esse tema."
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