Nelson de Sá

Correspondente da Folha na Ásia

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Nelson de Sá
Descrição de chapéu toda mídia

Três dos cinco países Brics estão que mal se falam

EUA e Ucrânia levam ao distanciamento entre Índia, China e Rússia durante a Assembleia-Geral da ONU, em Nova York

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Foi difícil achar notícia ou foto da reunião dos chanceleres do grupo Brics, na Assembleia-Geral da ONU. A cobertura ocidental ignorou, como sempre, mas também a russa e a chinesa mal registraram.

Na Rússia, a agência Tass fez despacho curto do elogio do grupo, como um todo, à participação temporária de Brasil e Índia no Conselho de Segurança, neste ano e no próximo.

O portal chinês Guancha, reproduzido por Sohu e outras plataformas, citou a reunião no sétimo parágrafo de um texto, dizendo que China e Rússia "expressaram seu apoio" ao desejo de Índia, Brasil e África do Sul de entrarem para o Conselho.

Na plataforma chinesa Baijiahao, o porta-voz do ministério do exterior chegou a ser questionado sobre o eventual debate da guerra da Ucrânia pelo Brics, mas deu uma resposta genérica sobre o tema.

O país que mais se estendeu sobre o novo encontro do grupo acabou sendo a Índia. O chanceler S. Jaishankar divulgou em mídia social uma foto dos cinco, juntos, com o brasileiro Carlos França e a sul-africana Naledi Pandor sorrindo, mas com o russo Serguei Lavrov, o chinês Wang Yi e o próprio indiano de cara fechada (acima, os três à esq.).

O mal-estar se explica, em parte, pela guerra: tanto Jaishankar como Wang voltaram a afirmar na ONU, em outras reuniões, o distanciamento de seus países das ações russas na Ucrânia —o chinês se reuniu com o próprio chanceler ucraniano, em foto destacada no Global Times, ligado ao PC.

A maior parte do noticiário indiano sobre o encontro, a partir da agência PTI, se concentrou na "apreciação" de China e Rússia à "aspiração" de Índia, Brasil e África do Sul de entrarem de vez para o Conselho de Segurança.

Além da guerra, outra razão para os semblantes frios de Jaishankar e Wang foi a crítica pública do indiano ao chinês um dia antes, na reunião do próprio Conselho, questionando Pequim por não denominar um grupo paquistanês como terrorista, como destacado por Jagran e outros.

Dias antes da Assembleia-Geral, também em Nova York, o indiano falou em evento na Universidade Columbia que "administrar a China não tem sido fácil", mas é necessário. No Times of India, "Jaishankar: é do interesse mútuo da Índia e da China achar uma maneira de se acomodarem". E no South China Morning Post, "Ministro diz que objetivo é trazer a relação com a China de volta ao normal".

Também o Global Times publicou, mas criticamente, vendo Jaishankar cedendo às pressões de Washington contra Pequim —até porque o indiano fechou a semana na ONU com uma reunião do Quad, o grupo criado pelos EUA, também com Austrália e Japão, para cercar a China.

Quanto ao grupo Brics, vai entrar agora num período sob o comando de Pandor, a quem os colegas diplomatas prometeram apoio.

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