Nelson de Sá

Correspondente da Folha na Ásia

Salvar artigos

Recurso exclusivo para assinantes

assine ou faça login

Nelson de Sá
Descrição de chapéu China toda mídia

China 'está entrando no oceano' do mundo, com Xi

Para Kissinger e o chinês Zhou Bo, Pequim busca com novo protagonismo 'participar da criação da ordem mundial'

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Xi Jinping assinou artigo na Rossiyskaya Gazeta e na agência RIA Novosti, ambas do governo russo, falando da parceria estratégica da China com o "maior vizinho", mas também dos seus "esforços ativos para promover as negociações de paz", uma "paz duradoura".

Já Vladimir Putin assinou artigo no Renmin Ribao (Diário do Povo) e no site da revista teórica Qiushi dizendo apenas, de passagem, "Saudamos a disposição da China de desempenhar um papel construtivo na resolução da crise".

O Global Times, jornal ligado ao Renmin Ribao, manchetou que a "Visita de Xi traz esperança de paz para a crise ucraniana".

Americanos como The Wall Street Journal e Bloomberg foram por linha semelhante, com os enunciados "Xi em Moscou busca se posicionar como pacificador" e "Xi busca papel de pacificador com viagem a Moscou", respectivamente.

Também o inglês The Guardian, chegando a manchetar nesta terça (21) que, nas conversas em Moscou, "Putin e Xi discutem plano de paz da China para a Ucrânia", creditando a notícia à agência Reuters.

Reprodução/Bloomberg TV

Para confirmar a "iniciativa de paz da China", Bloomberg TV (imagem acima) e as revistas Time e The Spectator falaram longa e separadamente com uma das referências chinesas no Ocidente para questões estratégicas, Zhou Bo, ligado à Universidade Tsinghua e ex-Exército de Libertação Popular.

Ele respondeu que o esforço chinês por um acordo Rússia-Ucrânia é para valer, citou a mediação entre Arábia Saudita e Irã e salientou que Pequim adotou uma outra postura nas relações internacionais, recorrendo a uma imagem:

"Com as reformas e a abertura, como disse Deng Xiaoping, a China buscava atravessar o rio sentindo as pedras no leito, mas agora a China está entrando no oceano."

Outro momento de Zhou: "A maior questão do século 21 é, se sua ascensão é inevitável, a China criará um mundo melhor? Minha resposta é: pelo menos pode fazer um mundo mais seguro. Pelo menos fará muito menos mal do que os Estados Unidos".

A OUTRA GUERRA

Na manchete do Arab News, jornal em inglês publicado em Riad, na Arábia Saudita, "Governo do Iêmen e houthis concordam em libertar centenas", após negociação entre as duas partes na guerra, apoiadas respectivamente por sauditas e iranianos.

Seriam 887 no total, num acerto que prevê ainda a visita de delegações às prisões, pelos dois lados, e nova negociação daqui a algumas semanas, para mais trocas. As conversas aconteceram logo após a decisão de sauditas e iranianos de reabrirem suas embaixadas.

Na mesma direção, a PressTV, portal iraniano em inglês, noticiou que o ministro das Relações Exteriores de Teerã relatou estar em conversas com o colega de Riad e que uma reunião entre ambos acontecerá em "futuro próximo", talvez em Bagdá, no Iraque.

Falando ao Washington Post, o ex-secretário de Estado dos EUA Henry Kissinger, 99, avaliou que o acordo iraniano-saudita, mediado pela China, representa "uma mudança substancial na situação estratégica no Oriente Médio", com alcance de longo prazo não só na região.

De Kissinger: "A China declarou nos últimos anos que precisa participar da criação da ordem mundial. Agora deu um passo significativo nessa direção".

LINK PRESENTE: Gostou deste texto? Assinante pode liberar cinco acessos gratuitos de qualquer link por dia. Basta clicar no F azul abaixo.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.