Xi Jinping assinou artigo na Rossiyskaya Gazeta e na agência RIA Novosti, ambas do governo russo, falando da parceria estratégica da China com o "maior vizinho", mas também dos seus "esforços ativos para promover as negociações de paz", uma "paz duradoura".
Já Vladimir Putin assinou artigo no Renmin Ribao (Diário do Povo) e no site da revista teórica Qiushi dizendo apenas, de passagem, "Saudamos a disposição da China de desempenhar um papel construtivo na resolução da crise".
O Global Times, jornal ligado ao Renmin Ribao, manchetou que a "Visita de Xi traz esperança de paz para a crise ucraniana".
Americanos como The Wall Street Journal e Bloomberg foram por linha semelhante, com os enunciados "Xi em Moscou busca se posicionar como pacificador" e "Xi busca papel de pacificador com viagem a Moscou", respectivamente.
Também o inglês The Guardian, chegando a manchetar nesta terça (21) que, nas conversas em Moscou, "Putin e Xi discutem plano de paz da China para a Ucrânia", creditando a notícia à agência Reuters.
Para confirmar a "iniciativa de paz da China", Bloomberg TV (imagem acima) e as revistas Time e The Spectator falaram longa e separadamente com uma das referências chinesas no Ocidente para questões estratégicas, Zhou Bo, ligado à Universidade Tsinghua e ex-Exército de Libertação Popular.
Ele respondeu que o esforço chinês por um acordo Rússia-Ucrânia é para valer, citou a mediação entre Arábia Saudita e Irã e salientou que Pequim adotou uma outra postura nas relações internacionais, recorrendo a uma imagem:
"Com as reformas e a abertura, como disse Deng Xiaoping, a China buscava atravessar o rio sentindo as pedras no leito, mas agora a China está entrando no oceano."
Outro momento de Zhou: "A maior questão do século 21 é, se sua ascensão é inevitável, a China criará um mundo melhor? Minha resposta é: pelo menos pode fazer um mundo mais seguro. Pelo menos fará muito menos mal do que os Estados Unidos".
A OUTRA GUERRA
Na manchete do Arab News, jornal em inglês publicado em Riad, na Arábia Saudita, "Governo do Iêmen e houthis concordam em libertar centenas", após negociação entre as duas partes na guerra, apoiadas respectivamente por sauditas e iranianos.
Seriam 887 no total, num acerto que prevê ainda a visita de delegações às prisões, pelos dois lados, e nova negociação daqui a algumas semanas, para mais trocas. As conversas aconteceram logo após a decisão de sauditas e iranianos de reabrirem suas embaixadas.
Na mesma direção, a PressTV, portal iraniano em inglês, noticiou que o ministro das Relações Exteriores de Teerã relatou estar em conversas com o colega de Riad e que uma reunião entre ambos acontecerá em "futuro próximo", talvez em Bagdá, no Iraque.
Falando ao Washington Post, o ex-secretário de Estado dos EUA Henry Kissinger, 99, avaliou que o acordo iraniano-saudita, mediado pela China, representa "uma mudança substancial na situação estratégica no Oriente Médio", com alcance de longo prazo não só na região.
De Kissinger: "A China declarou nos últimos anos que precisa participar da criação da ordem mundial. Agora deu um passo significativo nessa direção".
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