O governo quer rever o acordo firmado com o Congresso, que entrega a gestão de cerca de R$ 15 bilhões ao relator do Orçamento. A ideia discutida na reunião ministerial na manhã desta quarta (11), no Palácio do Planalto, é recuperar a verba para usar parte dela no combate ao coronavírus.
Estimativa feita pela equipe econômica é que cerca de R$ 5 bilhões poderiam bancar ações dos ministérios da Saúde e da Educação, que demandam dinheiro extra para lidar com a disseminação da doença no país.
A Saúde já prometeu aos estados aumentar o número de leitos disponíveis e reforçar equipes, o que custaria cerca de R$ 1 bilhão. O MEC solicitou verba adicional para ações educativas na rede pública de ensino.
A saída não foi discutida com parlamentares, mas é o pilar da narrativa que o governo constrói e quer vender ao Congresso para desfazer o acordo. A avaliação é que destinar a verba ao coronavírus é "uma solução para os dois lados" para por um ponto final no combinado, hoje alvo de críticas de parte do governo e até de parlamentares.
Jair Bolsonaro está insatisfeito com a entrega de parte do Orçamento ao Congresso. Inicialmente seriam R$ 30 bilhões e, após confrontação de ministros, como o general Heleno (GSI), que chamou os parlamentares de chantagistas, a cifra caiu para R$ 15 bilhões.
Ainda assim, auxiliares do presidente insistem que a verba pertence ao Executivo e que, mesmo com valor mais baixo, não cabe acordo.
A equipe econômica, que ajudou a construir o atual formato da combinação, que tramita no Congresso, renega a paternidade da proposta.
A responsabilidade, segundo parlamentares e membros do governo, recai sobre o ministro Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo), alvo de críticas internas, assim como os líderes Fernando Bezerra (MDB-PE) e Eduardo Gomes (MDB-TO), que estão na linha de frente da costura política no Legislativo.
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