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Editado por Fábio Zanini, espaço traz notícias e bastidores da política. Com Guilherme Seto e Danielle Brant

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Movimento pró-democracia diz ter sofrido censura da arquidiocese do Rio e muda ato no Cristo Redentor

Estamos Juntos afirma que cúria criticou o que teria chamado de viés ideológico do ato

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Horas antes da realização de uma intervenção no Cristo Redentor, nesta segunda-feira (7), membros do Movimento "Estamos Juntos" tiveram que mudá-la para o bairro do Vidigal após o que chamaram de "censura" por parte da arquidiocese do Rio de Janeiro (veja nota do grupo na íntegra abaixo).

O movimento planejava iluminar o Cristo com as cores verde e amarelo a partir das 20h30 e transmitir em suas redes sociais. "Temos a ideia de reconquistar os símbolos nacionais, e o Cristo é um deles, um símbolo de união", diz Ivo Herzog, um dos coordenadores do grupo.

No local estariam Rafaela Matos, mãe de João Pedro, adolescente que foi morto enquanto brincava dentro da casa da família em São Gonçalo durante uma operação policial, e Rene Silva, fundador do jornal Voz das Comunidades.

Eles fariam a leitura de um texto no local, que seria captada por três camêras e drones.

Uma versão adaptada do evento será realizada nessa laje no Vidigal a partir das 21h30 e transmitida nas redes sociais do movimento.

Segundo Ivo Herzog, as tratativas transcorreram sem percalços com a arquidiocese nos últimos 20 dias. Ele afirma que tiveram que contratar uma empresa de produção homologada pela própria arquidiocese, o que não foi obstáculo para o movimento.

"Entramos em contato com a arquidiocese, eles toparam, sempre com uma preocupação muito grande com o conteúdo, e os mantivemos informados sobre tudo o que ia acontecer. Ontem (6) teve outra visita técnica e não houve problemas. Hoje, por volta das 18h, nos mandaram sair do Cristo", afirma.

Ele diz que pouco depois eles receberam uma nota do departamento jurídico da cúria cancelando a autorização para que o ato fosse realizado, citando a repercussão que o evento tem tido nas redes sociais e um suposto "viés ideológico".

"A gente tem viés, sim, pela vida e pela democracia. Estamos perplexos com a censura da igreja", completa.

O Estamos Juntos foi um dos movimentos em defesa da democracia e críticos ao governo Jair Bolsonaro (sem partido) que surgiram durante os primeiros meses do ano no Brasil, como também o Somos 70% e o Basta!.

Manifesto publicado pelo movimento em maio apresentou a proposta de unir pessoas de diferentes matizes ideológicas em defesa de temas como “a lei, a ordem, a política, a ética, as famílias, o voto, a ciência, a verdade, o respeito e a valorização da diversidade, a liberdade de imprensa, a importância da arte, a preservação do meio ambiente e a responsabilidade na economia”.

Entre os signatários estão personalidades como a atriz Fernanda Montenegro, o youtuber e empresário Felipe Neto, o escritor Paulo Coelho, os apresentadores Luciano Huck e Serginho Groisman, o produtor Kondzilla, a socióloga e acionista do Itaú Maria Alice Setúbal e o ex-presidente do STF (Supremo Tribunal Federal) Nelson Jobim.

Também assinam o manifesto políticos como o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad (PT), o governador Flávio Dino (PC do B-MA) e o ex-governador do Espírito Santo Paulo Hartung (MDB).

“A gente não está entre o bolsonarismo e o comunismo, estamos entre o bolsonarismo e a civilização”, disse à época o escritor e colunista da Folha Antonio Prata, um dos organizadores do movimento.

Em nota, o movimento lamentou a decisão da arquidiocese:

Na tarde de segunda-feira, 7 de setembro, o movimento Estamos Juntos foi surpreendido por um pedido da arquidiocese do Rio de Janeiro para que fosse cancelada a leitura de seu manifesto em defesa da vida, da liberdade e da democracia no Cristo Redentor, marcada para 20h30.

A arquidiocese alegou que o “evento proposto inicialmente como apartidário, infelizmente, foi encaminhado com viés ideológico. Tal fato está sendo verificado nas mídias sociais e matérias jornalísticas”.

Na mensagem, foi argumentado também que a “Arquidiocese do Rio de Janeiro juntamente com o setor jurídico entenderam pelo cancelamento do evento “Liberte o Futuro”. Reiteramos que tal decisão é necessária para manter a integridade apolítica do Santuário”.

Esclarecemos que houve uma confusão por parte da arquidiocese, pois nosso evento seria apenas retransmitido pela plataforma do movimento “Liberte o Futuro”, juntamente com a transmissão por nossas redes socais e YouTube. E afirmamos que somos movimentos distintos, mas parceiros. E que, além de ficar honrados com o convite de participar do evento realizado por eles hoje, este evento não tem caráter político-partidário.

Infelizmente, nossos argumentos não convenceram a Arquidiocese e a censura prevaleceu. Havíamos obtido a autorização para a realizar o evento no dia 3 setembro, após submeter o roteiro do que seria lido. Também aprovamos com a igreja as personalidades que o leriam. Tivemos, inclusive, de contratar uma empresa que detém a exclusividade de gravação no Cristo Redentor para realizar nossa transmissão ao vivo.

Diante deste cancelamento com tintas de censura, feito na última hora, adiamos a transmissão ao vivo para as 21h30. Ela acontecerá no mirante do morro do Vidigal e a leitura continuará sendo feita por Rafaela Matos, mãe do menino João Pedro, assassinado em um trágico episódio de violência policial, e por Rene Silva, do Voz da Comunidade. Lamentamos demais este fato, mas não vamos nos calar. Nossa voz vai soar ainda mais alto! Seguimos #JUNTOS e exigimos RESPEITO!

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