A Procuradoria-Geral da República apresentou denúncia contra os ex-presidentes da Câmara Eduardo Cunha e Arlindo Chinaglia, e outras 15 pessoas envolvidas em suposto esquema de pagamento de propina em troca de apoio à Odebrecht em contratos para construção de hidrelétricas no Rio Madeira.
Segundo a PGR, Chinaglia solicitou e aceitou promessa de vantagem indevida no valor de R$ 10 milhões da empreiteira baiana. O repasse teria sido intermediado por Cunha. Do total acordado, diz a denúncia, o petista teria recebido R$ 8,7 milhões por meio de 36 pagamentos realizados pelo departamento de propina da Odebrecht.
Nos sistemas da empreiteira, Chinaglia tinha o codinome de “grisalho”.
Documentos encontrados pela PF nos sistemas da Odebrecht mostram que, entre 2008 e 2012, foram efetuados 26 repasses para Chinaglia tendo como “centro de custo” o “projeto Madeira” - alusão às obras de construção de hidrelétricas no rio em Rondônia. Outros dez repasses foram feitos nos anos de 2013 e 2014.
Chinaglia é acusado de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Cunha, por sua vez, foi denunciado somente por corrupção passiva por ter solicitado os valores repassados a Chinaglia.
Entre outros elementos, a Polícia Federal utilizou o cruzamento de sinais de celular para embasar sua investigação, como mostrou o Painel.
No processo, Chinaglia afirmou que não há prova que corrobore as palavras dos delatores, que há inúmeras e graves incongruências entre os depoimentos, que as provas são contrárias às imputações e que nunca recebeu propina.
Em seu depoimento, Cunha apontou o que viu como incongruências no que disseram os delatores e afirmou que não fez qualquer acerto com Odebrecht nem intermediou o pagamento de valores para Chinaglia.
Os advogados Ticiano Figueiredo e Pedro Ivo Velloso, responsáveis pela defesa de Cunha, afirmam que é "no mínimo absurdo" acusar o ex-deputado de solicitar propina a um adversário político e que as dúvidas serão esclarecidas ao longo da investigação.
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