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Pesquisadores pedem Minha Casa, Minha Vida mais integrado às cidades

Governo Lula anuncia retomada do programa habitacional nesta terça-feira (14)

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São Paulo

Pesquisadores dedicados à habitação e ao urbanismo escreveram um manifesto com sugestões ao governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em relação à retomada do programa Minha Casa, Minha Vida, que será anunciada pelo presidente nesta terça-feira (14).

No texto, intitulado "MCMV, o que manter e o que mudar", os pesquisadores sugerem que municípios, governos estaduais e cooperativas populares sejam chamados a participar mais da definição de projetos e da escolha de terrenos mais bem localizados na malha urbana.

Uma das principais críticas às versões anteriores do programa é a de que os empreendimentos foram construídos em locais afastados, desprovidos de equipamentos públicos, longe do comércio, dos empregos e da estrutura de transporte, "em áreas que, não raramente, acabaram sob o domínio do crime organizado ou das milícias constituindo bolsões de pobreza situados nas periferias distantes".

Vista aérea em 2019 de casas do Minha Casa, Minha Vida, na periferia de Marília, região centro-oeste do estado São Paulo
Vista aérea em 2019 de casas do Minha Casa, Minha Vida, na periferia de Marília, região centro-oeste do estado São Paulo - Alf Ribeiro-22.abr.2019/Folhapress

Os pesquisadores também propõem mais diversificação nas habitações ofertadas, incorporando a reforma de edifícios existentes e projetos mais adequados às realidades físicas e ambientais de cada região.

Entre as propostas, também estão a destinação de mais recursos ao MCMV-Entidades, que concede financiamentos a organizações como cooperativas e sindicatos, com recursos de fundos públicos.

Segundo os pesquisadores, essa modalidade "obtêm melhores resultados em termos arquitetônicos e urbanísticos, gera efeitos multiplicadores na economia local, além de gerar vínculos sociais e pertencimento no processo de viabilização."

Eles também sugerem que não seja mais adotada a modalidade "empreitada global", que transfere a uma única empresa privada a definição do terreno, a localização das moradias, os projetos de urbanismo, arquitetura e engenharia e a execução da obra.

Segundo o texto, 98% do orçamento do MCMV foi aplicado dessa forma, levando à reprodução "do padrão de urbanização que lança as camadas populares para as franjas urbanas."

Nesse sentido, a participação mais ativa de municípios, governos estaduais e cooperativas na escolha de projetos poderia gerar soluções arquitetonicamente mais inovadoras e mais atentas à função social das moradias. Por isso, os pesquisadores propõem que as etapas de escolha da terra e de elaboração do projeto arquitetônico e urbano não sejam de responsabilidade das empresas construtoras.

Por fim, o texto também sugere a criação de um subprograma específico para reabilitação de edifícios ociosos em áreas centrais das cidades, e diz que, no âmbito do MCMV-Entidades, especialmente em São Paulo, houve diversos projetos exitosos, com municípios oferecendo prédios públicos, desapropriados ou retomados "a partir da aplicação dos instrumentos urbanísticos como contrapartida."

O manifesto conta com mais de mil assinaturas e tem entre seus apoiadores diversos especialistas que ajudaram na recriação do Ministério das Cidades, como Ermínia Maricato, João Whitaker, Celso Carvalho e Eleonora Mascia. Além deles, também subscrevem Andréa dos Santos, presidente da Federação Nacional dos Arquitetos, e Maria Elisa Baptista, presidente do IAB-Brasil.

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