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Ceagesp diz que vice de Nunes inflou números de balanço na sua gestão

Outro lado: coronel Mello Araújo fala em viés eleitoral e afirma que decisão contábil foi correta

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São Paulo

A atual administração da Ceagesp (Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo) diz ter identificado manobra da gestão do coronel Ricardo Mello Araújo (PL) para inflar os resultados da empresa em 2022. Em razão disso, o balanço referente àquele ano foi refeito.

Indicado por Jair Bolsonaro (PL), o coronel da reserva hoje é o vice na chapa à reeleição do prefeito Ricardo Nunes (MDB). Ele dirigiu a Ceagesp de 2020 ao fim de 2022.

Mello Araújo afirma ao Painel que sua administração foi pautada por "austeridade, eficiência, combate à corrupção e lisura" e que adversários e opositores agora tentam plantar o contrário com motivações eleitorais.

A imagem mostra um grupo de pessoas em frente a uma parede amarela, posando para uma foto. No centro, há uma placa comemorativa fixada na parede. Algumas pessoas estão segurando celulares e tirando fotos. A placa tem o brasão da República Federativa do Brasil e o seguinte texto: 'Governo Federal, Ministério da Cidadania, Secretaria Especial do Esporte, Centro de Iniciação ao Esporte, Presidente da República Jair Messias Bolsonaro, Ministro da Cidadania Osmar Terra, Secretário Especial do Esporte Décio dos Santos Brasil'.
Ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e coronel Ricardo de Mello Araújo (PL) durante evento na Ceagesp - Bruno Santos-15.dez.2020/Folhapress

Desde março de 2023, o presidente da Ceagesp é Jamil Yatim, indicado pela bancada paulista do PT e ex-diretor financeiro da companhia. O PT apoiará Guilherme Boulos (PSOL) na disputa pela Prefeitura de São Paulo.

Em 2022, a Prefeitura de São Paulo reconheceu a imunidade tributária da Ceagesp e a obrigação de devolver a ela os valores de IPTU recolhidos de 2017 até aquele ano. Em novembro, o município cancelou os débitos da companhia.

Segundo a atual administração, a gestão Mello Araújo registrou integralmente esses valores perdoados como receita contábil, ignorando que parte deles seria obrigatoriamente restituída aos permissionários (comerciantes) do local. O diagnóstico foi feito por empresa de auditoria contratada no segundo trimestre de 2023 e resultou na reabertura e alteração das demonstrações financeiras de 2022.

Dessa forma, o lucro líquido de R$ 33,9 milhões divulgado por Mello Araújo teria sido, na verdade, de R$ 14,9 milhões.

A atual gestão diz ainda que realizou pagamentos de Imposto de Renda, PLR, PIS/Cofins a partir de cálculos baseados nos resultados apresentados por Mello Araújo. Dessa forma, a empresa teria arcado com valores maiores do que deveria e agora estuda maneiras de recuperá-los.

A imagem mostra quatro homens posando para uma foto. O homem à esquerda está usando um terno e gravata, o segundo homem está usando uma jaqueta preta sobre uma camisa azul e segurando um objeto pequeno na mão, o terceiro homem está usando uma jaqueta preta sobre uma camisa azul clara, e o quarto homem está usando uma camisa marrom. Ao fundo, há uma imagem de um prédio alto e uma mulher em pé.
Da esq. para a dir., o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB) e o coronel Mello Araújo (PL) após almoço na capital paulista - Rafaela Araújo-14.jun.2024/Folhapress

Ao todo, a estimativa é de que a companhia tenha pago R$ 17,6 milhões a mais em impostos, aos quais ainda devem se somar gastos com a contratação de serviços especializados em tributação.

A Ceagesp diz que o balanço foi reaberto após parecer técnico, com validação de empresa especializada, e aguarda nova assembleia dos acionistas, com data ainda não definida, para "tomar as devidas providências e encaminhamentos".

Em comunicado interno em 20 de junho, o Sindbast (sindicato dos empregados em centrais de abastecimento de São Paulo) disse que Mello Araújo "se apropriou do balanço da Ceagesp para fazer campanha política" para Bolsonaro, que buscava a reeleição naquele ano, e afirmou que apresentará denúncia ao Ministério Público Federal.

A passagem do coronel pela Ceagesp é exaltada com frequência por Bolsonaro e Nunes, e deve ser explorada pela pré-campanha como experiência administrativa do vice.

Outro Lado

Em nota, a pré-campanha de Nunes e Mello Araújo diz que a atual gestão da Ceagesp "assinou e atestou o balanço de 2022".

"Se havia prazo para a deliberação dos papéis e, ao mesmo tempo, suspeita de algo errado no balanço, fosse solicitada, então, prorrogação de análise, uma nova avaliação. O contrário disso, no serviço público, se chama prevaricação", complementa.

A atual gestão diz que a assinatura foi ato "meramente formal e democrático", realizado apenas três dias após o início do mandato, para que órgãos de controle e auditoria pudessem analisar o balanço antes da assembleia de acionistas.

A pré-campanha do prefeito afirma que Mello Araújo tomou a decisão correta em termos contábeis, pois suprimiu a dívida do IPTU do balanço quando a Prefeitura reconheceu a imunidade, mas não lançou oficialmente o ressarcimento aos permissionários porque o valor ainda não havia sido pago.

"Um movimento contábil é: se reconhece a isenção, via Justiça, e se retira a dívida do balanço oficial. O outro movimento contábil depende de um processo [então] ainda em andamento, que versa sobre o ressarcimento, e que só teve desfecho em 2023", explica.

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