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Julio Wiziack é editor do Painel S.A. e está na Folha desde 2007, cobrindo bastidores de economia e negócios. Foi repórter especial e venceu os prêmios Esso e Embratel, em 2012

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Descrição de chapéu Coronavírus

Expansão do uso da cloroquina é absurdo, diz médico que foi cotado para ministro da Saúde

Para Claudio Lottenberg, novo protocolo aumenta escopo do erro

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São Paulo

O médico Cláudio Lottenberg, presidente do Instituto Coalizão Saúde e presidente do Conselho Deliberativo da Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Albert Einstein, que chegou a ter o nome na bolsa de apostas para assumir o Ministério da Saúde após a saída de Henrique Mandetta, considera um absurdo a expansão do uso da cloroquina em casos leves de Covid-19, determinada por Bolsonaro nesta quarta (20).

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Claudio Lottenberg, presidente do Instituto Coalizão Saúde e presidente do Conselho Deliberativo da Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Albert Einstein - Keiny Andrade/Folhapress

"O que vai acontecer? Vai começar a ter um monte de arritmia cardíaca por aí e, consequentemente, até parada cardíaca. Só vai ampliar o escopo do erro", disse Lottenberg à coluna.

"Na verdade, isso aqui tem que ser usado para paciente que está internado com orientação. Está se distribuindo como polivitamínico. É um absurdo", afirmou o médico.

Segundo Lottenberg, nem é correto dizer que deveria ser restrito aos internados. "Deveria ser restrito às indicações de médicos responsáveis por pacientes internados. Não é para adotar para todo mundo que está internado. É restringir o uso a indicações de médicos que entendessem apropriado para pacientes internados", afirma.

O próprio documento que o Ministério da Saúde divulgou nesta quarta-feira ampliando a possibilidade de uso da cloroquina e da hidroxicloroquina para pacientes com sintomas leves da Covid-19 reconhece que não há evidência de eficácia, e o termo de consentimento do paciente cita o risco de se agravar o caso.

Sobre a troca do comando na pasta, Lottenberg afirma que o papel de um ministro da Saúde tem de ser baseado no tecnicismo.

"O grande desafio do presidente é dar para o próximo ministro a real importância de que as decisões dele terão respeito de natureza técnica. Esse é o grande desafio. Se ele der isso, o cara sentir que vai ter poder, que vai poder tomar as atitudes e decidir", afirma.

Nesta quarta, ao sair do Palácio da Alvorada, Bolsonaro foi abordado sobre quem será o novo ministro da Saúde, posto ocupado interinamente pelo general Eduardo Pazuello, e disse que o militar "vai ficar por muito tempo".

Empresários próximos de Bolsonaro disseram à coluna nesta terça (19) que desistiram de sugerir nomes ao presidente, como fizeram na ocasião da escolha de Nelson Teich, que durou menos de um mês no cargo.

com Filipe Oliveira e Mariana Grazini

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