Se as universidades e as empresas conseguiram se reinventar na pandemia e mudar a maneira de trabalhar de uma hora para a outra, o MEC também deveria dar um jeito de corrigir a prova do Enem em 15 dias para não atrapalhar nem os alunos nem o calendário das universidades.
Foi o que disse Daniel Castanho, presidente do conselho de administração da Ânima Educação, na transmissão desta quinta-feria (7) do Ao Vivo em Casa, a série de lives diárias da Folha. O dono da Ânima, que tem instituições como São Judas, UniBH, UNA, Unisul, UniCuritiba e outras, considera necessário adiar o Enem, mas reconhece que isso levará um problema ao planejamento das universidades que receberão os alunos.
"O que o MEC precisa fazer? Adiar o Enem. Mas ele não pode demorar três meses para corrigir a prova. Ele tem que corrigir em 15 dias. Todo mundo fez isso, as universidades públicas e privadas, as empresas. Todo o mundo teve que se reinventar. Em uma semana, todo o mundo mudou a maneira de trabalhar. Como o MEC não pode corrigir a prova do Enem em 15 dias? A gente tem que entender esse momento de maneira solidária", diz Castanho.
Ele sugere ainda que se faça um segundo Enem em abril ou maio para dar chance de uma nova entrada.
"Acho que são soluções como essa que a gente deveria discutir no Brasil. [Tem de] parar com a crítica, a briga política, o conchavo e entender que a gente faz parte de um grande ecossistema. Temos que estar unidos neste momento", disse.
Castanho também é um dos fundadores do movimento Não Demita, um manifesto de grandes empresários lançado no início de abril para estimular as empresas a preservarem os postos de trabalho durante a crise do coronavírus.
No lançamento do manifesto, as empresas que aderiram se comprometeram a não demitir por 60 dias, período que se encerraria no início de junho. Segundo o empresário, porém, muitas delas vão prolongar o compromisso.
"Naquele momento, tinha começado um movimento igual àquela maluquice de corrida ao supermercado e de comprar álcool em gel. Algumas pessoas começaram a dizer que não iam conseguir passar essa crise e que iam demitir. Aí surgiu o Não Demita para dizer: 'calma, o papel do empresário neste momento é garantir esses empregos", afirma Castanho.
Ele vê um segundo momento no mercado de trabalho, em que as empresas terão de analisar quais competências serão necessárias para reforçar as mudanças em áreas como tecnologia, segurança de dados e outras.
"Tenho recebido comentários de alguns sindicatos que representam os empregados dizendo que, quem sabe, o Não Demita seja a porta para que a gente restabeleça e faça uma aliança para redefinir a relação entre empregados e empregadores. A evolução do Não Demita eu acho que será, quem sabe, assumir esse papel, entendendo que está todo mundo com o mesmo propósito", afirma Castanho.
Todas as quintas-feiras, as lives de economia, organizadas pela editoria de Mercado e pela coluna Painel S.A., vão discutir os desafios de entes públicos, instituições financeiras e empresas de diferentes setores para superarem a crise da Covid-19 e colocarem o país na rota do crescimento.
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