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Julio Wiziack é editor do Painel S.A. e está na Folha desde 2007, cobrindo bastidores de economia e negócios. Foi repórter especial e venceu os prêmios Esso e Embratel, em 2012

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Descrição de chapéu Ao Vivo em Casa Coronavírus

Passagens vão continuar com preços mais baixos, diz presidente da Azul

John Rodgerson participou de live da série Ao Vivo em Casa nesta segunda (17)

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São Paulo

Enquanto atravessa a pior fase da história do setor aéreo, o presidente da Azul, John Rodgerson, evita previsões. Diz que os preços das passagens foram reduzidos para atrair os viajantes e que isso deve continuar até que os voos voltem ao normal, o que deve acontecer em dois anos no pior cenário, mas ele quer se esforçar para que venha em apenas um.

Na live da série Ao Vivo em Casa, da Folha, nesta segunda (17), Rodgerson disse que o empréstimo prometido pelo BNDES pode ajudar o país porque as companhias empregam e pagam impostos.

Em junho, você dizia que é errado afirmar que o BNDES estava negociando um socorro às aéreas porque na verdade isso é um empréstimo, com retorno, com juros.  É isso mesmo. Não é socorro, é um empréstimo como qualquer outro. E eu acho um empréstimo caro. Isso é para proteger empregos e a arrecadação do país. Estou um pouco frustrado porque está demorando. Foi anunciado em março. Mas nós fizemos nossa lição de casa e acho que logo sai.

Como foram os bastidores? Do lado de fora, vimos o ministro Paulo Guedes falando na reunião ministerial divulgada que não teria molezinha para as companhias aéreas. E também ouvimos declarações fortes como as suas. É complicado. Quando se está tomando dinheiro que vem do povo brasileiro para emprestar, tem que ter certeza de que terá retorno. O país é pobre, não tem os recursos dos EUA, da Europa. Precisa ser bem gerenciado e está demorando por causa disso.

O BNDES não tem dinheiro para fazer tudo isso sozinho. Quando começou, estava fazendo tudo sozinho, e todo mundo pediu dinheiro. Depois disseram: 'vamos trazer os bancos e o mercado também'. Toda vez que você traz mais jogadores para o jogo, demora, porque tem outras opiniões.

Acho que o Paulo Guedes falou que ninguém está tendo moleza. Pode ver que caíram milhares de empregos no nosso setor. Isso é ruim para o Brasil. Eu volto a dizer que a Azul pagou R$ 2 bilhões de impostos no ano passado. O ministro da Economia deve estar focado em proteger a arrecadação porque o país precisa agora. Precisa de empresas saudáveis e de emprego.

Nos EUA, o Trump está pensando em dar mais [recursos ao setor aéreo]. Por que ele vai fazer isso? Porque ele adora pilotos, comissários, linhas aéreas e acionistas? Não. É porque ele sabe a importância disso para proteger empregos no país dele e ele está no ano de eleição.

Como vão ficar os preços? Os preços nunca foram tão baixos. Quando temos aeronaves no chão, quer dizer que temos mais oferta do que demanda. O que estamos fazendo é convidar todo mundo para voar.
Eu não acredito que vamos aumentar preços até estarmos perto de quase mil voos por dia. E nós estamos vendendo 400 em setembro. Então, por muito tempo, até termos vacina, talvez, os preços vão ser super em conta.

A parceria de codeshare, de voos compartilhados, com a Latam começa agora. Vocês brigaram tanto lá atrás por causa do espaço em Congonhas e agora se dão as mãos? Estávamos brigando pelo nosso espaço. É legítimo. Vou morrer achando que estávamos certos naquela briga porque a gente merece ter mais slots em Congonhas.

Nunca pensei que íamos sentar na mesa com a Latam para fazer algo, mas, puxa, é muito melhor ter uma aeronave no ar do que duas no chão. Então, se podemos conectar as malhas, vamos ajudar as empresas a voarem mais.

O codeshare começa agora. Vocês recuaram no projeto de se expandir no internacional. Tem possibilidade de seguirem pelo internacional com a Latam? Eu acho que é possível. Nunca tivemos sonho de ser muito grandes no internacional. Sempre falamos de Lisboa, Flórida, Nova York, Paris, e o sonho mais ou menos acabou aí. Mas claro que a Latam tem uma grande malha aérea internacional.

Sempre fizemos internacional através de nossos parceiros, como TAP, United. Então claro que é possível fazer algo com eles, mas isso não vai parar o que era a nossa intenção original de voar para as maiores capitais. A gente vai continuar fazendo isso. Mas eu acho que codeshare com Latam não tem nada a ver. Até é proibido falar essas coisa com a Latam. Mas tudo é possível para ter mais conectividade.

Quando você espera a retomada total? A Azul já voou cerca de mil voos por dia e agora projetam 400 para setembro?Temos que planejar pelo pior, de que isso dure dois anos, mas vamos fazer de tudo para chegar a quase mil voos em 12 meses. É a minha meta.

E como vai ser esse mercado? Com menos companhias aéreas? Com empresas menores? A oportunidade aqui no Brasil é grande demais. Eu acredito que o mundo vai voltar a voar. Vai ter mais reuniões de Zoom, mas não é a mesma coisa. Brasileiro gosta de se conectar. Será que pessoas do Mato Grosso, do agronegócio, que normalmente visitam Sinop, Sorriso vão fazer reunião por Zoom? Se você é vendedor e quer vender seu produto, você quer apertar a mão do cliente.

A Latam propôs aos tripulantes uma redução permanente nos salários. Ela diz que já remunerava acima da Gol e da Azul, mas que só queria se equiparar ao mercado. Você pode falar pela Azul, ela paga acima mesmo? Depende de qual aeronave, base ou equipamento se voa, mas sim, na Latam se ganhava mais que Azul e Gol em alguns casos.

O modelo de remuneração da Latam é diferente. Eu acho que eles estão tentando corrigir isso de alguma forma, mas eu não posso comentar porque não estou dentro dos detalhes. Uma coisa diferente é que eles têm muito mais voos internacionais.

Será que daqui a algumas semanas vamos ouvir a Azul dizer que não precisou do socorro ou o suporte do BNDES? Ela vai conseguir passar sem essa? Talvez. Com certeza você não vai me dizer que eu não preciso do socorro porque eu não vi socorro. Eu só vi um empréstimo caro. Se você souber de um socorro, me fale. Mas ninguém sabe. O mundo muda todo dia e nós temos que estar aptos para mudar a qualquer momento.

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