Se nos últimos invernos o desempenho do setor de vestuário ficou comprometido por temperaturas amenas ou pelas restrições da pandemia, nesta semana, a massa de ar polar impulsionou as vendas. O problema é que o frio chegou tarde, quando parte expressiva dos estoques de roupas quentes já havia sido liquidada. Edmundo Lima, diretor da Abvtex (associação do varejo têxtil), diz que a reposição é difícil porque tanto as peças importadas quanto as de fabricação nacional demoram a chegar.
Na última semana, a marca de calçados Arezzo viu a receita com botas crescer 26% e 30% nas regiões Sul e Sudeste, respectivamente, na comparação com os setes dias anteriores. Na Schutz, outra bandeira da empresa, a alta foi de 51% em Porto Alegre, 21% no Rio de Janeiro 11% em São Paulo. O número de visitas no site também cresceu, segundo a marca.
Para Tito Bessa Junior, dono da rede TNG, que pediu recuperação judicial após o baque da pandemia, a queda na temperatura veio para ajudar as vendas do inverno, com alta de 20% a 25%, segundo o empresário. “Se o frio continuar até o Dia dos Pais será muito bom”, diz Bessa Junior.
Viktor Ljubtschenko, diretor da rede Any Any, registrou alta na procura por meias, robes, pijamas pesados e pantufas. Mas ele ressalva que o setor está com a grade furada porque a programação de compra de estoques foi conservadora. “No mercado de vestuário, em geral, está faltando mercadoria neste inverno. Desde o ano passado, vivemos uma insegurança, sem saber se as lojas iam ficar abertas ou fechadas”, diz.
Quando a frente fria chegou, as lojas da Gregory já estavam terminando a promoção das peças de inverno, como casacos e blusas de lã, que ainda aproveitaram o impulso na demanda. Segundo Andrea Duca, diretora da rede, a alta do movimento provocada pelo frio estimulou até as vendas da nova coleção da próxima estação.
com Mariana Grazini e Andressa Motter
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