A despeito das preocupações com o avanço da variante delta na pandemia, nenhuma companhia de capital aberto no Brasil divulgou ainda qualquer fato relevante ou comunicado ao mercado mencionando o assunto nos últimos três meses, segundo levantamento feito pelo Painel S.A. nos dados públicos da CVM (Comissão de Valores Mobiliários).
A nova cepa foi identificada no país em maio, no Maranhão, depois no Rio de Janeiro e em São Paulo.
Os termos “variante”, “delta” e “variante delta” não aparecem nos documentos públicos no período entre o dia 1° de maio e esta terça-feira (10).
O aumento de novos casos da cepa é mais intenso em países como Estados Unidos e Reino Unido, mas o potencial de contágio da variante acende um alerta para especialistas de saúde no Brasil, com potencial impacto sobre a retomada econômica.
Para Joelson Sampaio, professor da FGV-SP, a reflexão e a divulgação do assunto por parte das empresas neste momento configuraria boa prática, mas o foco das companhias está voltado para outros temas.
“Em paralelo, temos a reforma tributária, com discussões sobre a taxação de dividendos, por exemplo, que não tem relação com a doença, mas impacta as empresas. Esses eventos concorrentes estão chamando mais atenção”, afirma.
Procurada pelo Painel S.A., a CVM afirma que acompanha e analisa as informações movimentações das companhas abertas.
Em março do ano passado, a CVM divulgou uma orientação para as empresas listadas identificarem efeitos da pandemia em seus balanços.
Na última quarta-feira (4), a Secretaria Estadual de Saúde do Rio de Janeiro afirmou que a variante corresponde a 45% das amostras analisadas na capital e 26% das do estado. Em São Paulo, um boletim divulgado pelo IAL (Instituto Adolfo Lutz) apontou a delta em 23,5% de suas amostras sequenciadas.
com Mariana Grazini e Andressa Motter
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