A CVM (Comissão de Valores Mobiliários) orienta as empresas listadas em Bolsa a identificar efeitos do surto de coronavírus em seus balanços. Se necessário, devem divulgar comunicado ao mercado com projeções e estimativas relacionadas aos impactos.
O alerta foi feito em ofício divulgado nesta terça-feira (10). Nos últimos dias, setores como o de eletroeletrônicos, por exemplo, anunciaram que já vêm encontrando dificuldades para obter materiais e insumos diante do fechamento de fábricas de fornecedores, principalmente na China.
Por outro lado, empresas de commodities, como a Vale, têm no mercado chinês importante fatia de sua receita. Já a Petrobras vinha se beneficiando da demanda por óleo menos poluente por parte do transporte marítimo global, que também deve sentir o efeito da queda no comércio.
Conforme levantamento feito pelo Painel S.A., até o dia 3 de março nenhuma companhia de capital aberto no Brasil divulgou qualquer comunicado com informações sobre o impacto da doença em seus negócios.
"As áreas técnicas da CVM destacam a importância de as companhias abertas e seus auditores independentes considerarem cuidadosamente os impactos do Covid-19 [doença provocada pelo novo coronavírus] em seus negócios e reportarem nas demonstrações financeiras os principais riscos e incertezas", diz o ofício da CVM.
O órgão regulador solicita que as companhias que ainda não publicaram resultado do quarto trimestre de 2019 já incluam os efeitos do coronavírus como eventos subsequentes. As que estão elaborando o balanço do primeiro trimestre de 2020 devem ficar atentas às incertezas que podem impactar os negócios.
"Entre os diversos riscos e incertezas aos quais as companhias estão expostas, especial atenção deve ser dada àqueles eventos econômicos que tenham relação com a continuidade dos negócios e/ou às estimativas contábeis", escreveu a CVM, citando nesse último caso a contabilização de recuperabilidade de ativos ou provisões, entre outros.
No relatório da administração referente ao desempenho de 2019, a Vale, por exemplo, cita seis vezes o coronavírus como fonte de incertezas para suas projeções e operações principalmente nos mercados de carvão, cobre e minério de ferro, seu principal produto.
"O preço do minério de ferro pode ser impactado no curto prazo por tais incertezas e pelo sentimento geral, mas deve se recuperar, em resposta à atividade de reestocagem e políticas de estímulo", escreveu a mineradora, ao falar da conjuntura econômica e dos impactos no negócio.
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