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Julio Wiziack é editor do Painel S.A. e está na Folha desde 2007, cobrindo bastidores de economia e negócios. Foi repórter especial e venceu os prêmios Esso e Embratel, em 2012

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Descrição de chapéu Opinião de empresário

Design não é só arte, é negócio, diz Jader Almeida

Empresário prepara planos de expansão de marca da grife que leva seu nome

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São Paulo

O designer Jader Almeida inaugura nesta semana mais uma loja conceito da marca de luxo que leva seu nome, como parte de um plano de expansão da distribuição de seus produtos, além do varejo multimarcas. A grife, que vende uma mesa por R$ 40 mil a R$ 200 mil, pretende alcançar 25 pontos próprios em cinco anos no Brasil e também no exterior.

A mudança na estratégia avançou na pandemia, enquanto a demanda explodia e o fornecimento de matérias-primas se desordenou. “Teve materiais que aumentaram 400%, alguns tipos de metais. Ainda vamos administrar isso por um período”, diz Almeida.

O designer Jader Almeida
O designer Jader Almeida - Divulgação

O novo showroom é o contexto de um plano de expansão maior? Estamos para inaugurar. E resulta de um trabalho de 17 anos. Hoje, a marca está consolidada e sendo franqueada para termos essa expansão através de flagship stores [lojas conceito]. Nesse período, nos especializamos em pesquisa, desenvolvimento, indústria, logística, que é um dos maiores desafios do Brasil.

O design, às vezes, é interpretado como arte, peça única de exposição. Mas não é só isso. O design, como fazem os italianos, americanos, ingleses e escandinavos, é business. Design é PIB na Itália.

Estamos em todas as capitais, mais de 80 pontos de venda, alguns exclusivos, outros em multimarcas, mas sempre com uma inclinação para o mercado de luxo. Não naquela coisa frívola como nós, enquanto sociedade, identificamos o luxo de maneira errônea. O luxo é algo bem fabricado, com design correto e elementos que geram surpresa.

Infelizmente, não está ao alcance de todos porque são matérias-primas raríssimas, uma confecção que demanda muito do manual, de anos aprimorando. Tem um custo, são pessoas que têm o seu valor. Tudo com a racionalidade, com mínimo impacto na cadeia, sem retrabalho.

Isso começa em 2020, em plena pandemia, com uma mudança radical de estratégia. A vertical de flagships antes era tímida. Sendo que temos quatro frentes de trabalho, que sãoo exportação, projetos específicos, multimarcas e flagships. Essa foi a última, nossa guinada para, em 2021, começarmos nossa própria distribuição.

Qual é a projeção para o futuro? Em 2022, de mais três lojas. É uma operação complexa. As pessoas que estão conosco são praticamente embaixadores, têm um treinamento específico. São mais de 500 itens no portfólio. Quando falo de uma cadeira, uma luminária, tem tantas opções de acabamentos, que todos são praticamente únicos.

Essa expansão é diferente de quando se tem uma franquia parametrizada. As lojas não se repetem. É claro que tem o DNA e as pessoas identificam. Estou falando em ter no Brasil 25 pontos nos próximos cinco anos.

Como é feito o equilíbrio entre, ao mesmo tempo, escalar o negócio e manter a exclusividade? Esse escalar é relativo. Quando falo em abrir as franquias através de flagships, não é para multiplicar. São pontos exclusivos para ter uma relação sedimentada com o cliente. É diferente de uma franquia de açaí, em que 25 pontos não seriam nem suficientes.

No nosso negócio, os pontos têm um raio grande de atuação. É um público que está no interior e vai até a capital regional para ter esse atendimento. Com esses 25 pontos, a venda por unidade de flagship praticamente quadruplica no primeiro momento em uma multimarca da região.

Vão expandir a linha de produtos? A linha está em constante evolução. É vital para o negócio. Por conta da pandemia, teve um gap, mas lançamos em todo mês de março uma coleção gigantesca, com materiais, produtos, releituras. Provavelmente volta em 2022.

Tem plano de flagship store no exterior? Tem. O primeiro ponto de venda, nos próximos cinco anos, está desenhado para os Estados Unidos, começando pela Flórida.

A pandemia teve efeitos diferentes nos setores, o mercado de luxo se beneficiou um pouco e o do ficar em casa também. Como foi para você? Houve um crescimento absurdo. Em números reais, no primeiro impacto foi 40%. E acumulado, 200%. No entanto, aumentou a demanda e a regularidade da entrega de matéria-prima diminuiu. Esse impacto foi em inúmeros setores. Mas, de fato, houve um crescimento porque, neste momento, as pessoas tiveram que olhar um pouco mais para os objetos, o conforto, ter o bem-estar como premissa, o que trouxe um crescimento para todo o setor quando se fala em casa. E custo também, preço, teve materiais que aumentaram 400%, alguns tipos de metais. Transporte, 1.000%. Ainda não terminou. Ainda vamos administrar isso por um período pela frente.

Esse é um tipo de cliente que troca o produto e descarta para trazer um novo? Essa palavra não existe, o descarte. Os produtos são categorizados como investimento porque são de tão alta qualidade de materiais e confecção, que só valorizam com o tempo.

E ele faz o que quando quer trocar? É investimento como mercado de arte? Existe um pouco disso, quase a economia circular que agora é uma palavra da moda. E outra, a faixa etária das pessoas que compram hoje ligeiramente baixou. Geralmente, o nosso cliente não tem só uma casa. É diferente de um mercado de móveis que vende para magazines, em que as pessoas precisam por necessidade. É mais uma curadoria de produtos.


Jader Almeida
Começou na indústria de mobiliário aos 16 anos, estudo arquitetura e trabalhou para a empresa LinBrasil. Desde 2004, desenvolve produtos para a indústria em parceria com a marca Sollos, de Santa Catarina, e integra a equipe de designers da marca alemã ClassiCon. Também atua em projetos de arquitetura

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