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Julio Wiziack é editor do Painel S.A. e está na Folha desde 2007, cobrindo bastidores de economia e negócios. Foi repórter especial e venceu os prêmios Esso e Embratel, em 2012

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Descrição de chapéu Opinião de empresário

Ficou difícil acertar previsão de vendas de espumante na pandemia, diz Chandon

Vinícola registra 15% de crescimento ante 2019

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São Paulo

A vinícola Chandon do Brasil chegou às festas de fim de ano em 2021 com um crescimento em torno de 15% na comparação com 2019, ano que apontava retomada após o biênio anterior de queda no faturamento.

A trajetória foi interrompida em 2020, quando a Covid-19 chegou. Além de obstruir parte importante dos canais de vendas das bebidas em bares e restaurantes, a pandemia pegou a Chandon em um momento importante: os preparativos para troca de identidade de marca, com novas garrafas e rótulos.

Catherine Petit, diretora-geral da Moët Hennessy do Brasil - Divulgação

Catherine Petit, diretora-geral da Moët Hennessy do Brasil, afirma que foi preciso adaptar o processo, com a suspensão das viagens da equipe para treinamento nas novas máquinas na Itália e a redução dos eventos de lançamento.

Mas o projeto foi providencial, porque o planejamento prévio ajudou a empresa a driblar a quebra na cadeia de fornecimento, que atingiu materiais como garrafas e rolhas. No horizonte de 2022, a inflação é prevista como o novo desafio.

Como atravessaram 2021, ainda sob pandemia? Foi um ano histórico para a Chandon, porque lançamos a nossa nova identidade de marca no mundo inteiro e no Brasil, com um novo rótulo. Então, tivemos desafios. Para fazer esse novo rótulo, começa com a cadeia de produção, troca de máquinas. Tivemos de fazer tudo isso no meio da pandemia.

Os times tiveram de se organizar para receber as máquinas da Itália, instalar. O plano era todo mundo ir lá para ser treinado. Tivemos que repensar tudo, fazer sozinhos lá no Sul, nos comunicando com os times da Itália. Deu certo, tivemos dedicação de todos.

O segundo desafio foi planejar o lançamento da troca da garrafa. No mercado, queríamos acertar direitinho para não ter estoque demais, para não conviver com garrafa velha e nova. Só que a previsão de vendas ficou difícil de acertar na pandemia. Acho que tivemos sorte.

Escolhemos postergar um pouquinho para abril ou maio e conseguimos fazer uma boa substituição. Aos poucos as garrafas começaram a aparecer nas prateleiras entre junho e julho, que foi mais ou menos quando as pessoas recomeçaram a sair. Aí conseguimos expor as garrafas em restaurantes e bares.

Ainda nas dificuldades da pandemia, o setor enfrentou problemas com a quebra na cadeia de fornecimento. Faltou rolha e vidro na indústria para atender aos fabricantes de bebidas. Isso os atrapalhou? Como nós tínhamos essa troca, tudo isso estava planejado havia dois anos. Como a gente veio com todo o material pedido antes, conseguimos lançar sem ter a ruptura. Para o lançamento não tivemos problemas.

E agora? Acho que 2022 vai ser outra história porque já estamos com ruptura. Foi difícil fechar o ano. Mas isso é mais devido ao sucesso que tivemos. Mas o lançamento foi sucesso desse ponto de vista porque já estava tudo planejado.

Como foi este fim de ano, após a vacinação, se comparado a 2020? Quando fizemos nosso evento em outubro, optamos por receber pequenos grupos. Já imaginávamos que não ia ser tão simples. Não é porque as pessoas estão vacinadas que elas ficam a vontade ou estão 100% protegidas. Então, fomos zelando para não assustar ninguém.

Olhando para os nossos clientes, acho que também foram com cautela. Tem eventos. Nós tivemos vendas. Todo mundo quer comemorar, mas acho que com mais cautela. Acho que tem grupos com quantidade limitada de pessoas, pequenas comemorações em casa.

Quais são os números de crescimento de 2021? Na comparação com 2019, estamos em quase 15% acima em termos de vendas. É muito bom sinal porque significa que recuperamos e ultrapassamos.

Considerando que estamos vivendo um momento econômico sensível e inflação, essa ultrapassagem em relação a 2019 é atribuída a quê? No caso da Chandon, estava em um processo de retomada porque quando teve a crise e os problemas econômicos e políticos do Brasil nos anos de 2017 e 2018, caiu bastante o faturamento da Chandon. Em 2019, estava em um processo de retomada.

Hoje, eu acho que tem problema e inflação, mas o consumidor brasileiro, sobretudo na pandemia, optou por comprar menos, porém, escolhendo um produto de qualidade que o inspira. E acho que a marca combina com o brasileiro, que fala: merecemos, queremos comemorar bem, nos mimar um pouco. Depois desses momentos difíceis, acho que estamos nos beneficiando disso.

Como a operação da marca no Brasil sofre a pressão do câmbio? A produção é local. Temos alguns produtos secos que são importados, mas poucos. Então, por enquanto, não sentimos muito. O problema é que inflação não é câmbio. Ano que vem vai ser outra história.

Tem uma conversa crescendo no setor, que é a sustentabilidade. O que tem de novo nisso? Isso é algo que fazemos há muitos anos. Justamente por isso, com essa nova identidade de marca, quisemos trazer muito esses conceitos. Tem uma parte que cuida dos nossos solos e das pessoas. São iniciativas para cortar o uso de herbicidas, restaurar a biodiversidade, redução de consumo de água, e ter certificação sustentável.

Raio-X
Nascida em Toulouse, na França, Catherine Petit se formou em administração de empresas na Ecole Supérieure de Commerce de Paris. Atua desde 2007 na Moët Hennessy, ramo de bebidas do grupo LVMH. Em 2020, assumiu a direção-geral da Moët Hennessy do Brasil e a direção da vinícola Chandon Brasil

com Ana Paula Branco

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