Descrição de chapéu Financial Times

Baixa oferta e demanda forte fazem preço da champanhe borbulhar

Retorno dos investimentos no mercado de vinhos superou o das ações globais em 2021

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Laurence Fletcher
Londres | Financial Times

As champanhes especiais como Dom Pérignon 2008 e Krug 2000 estouraram os preços este ano, superando as ações globais, com investidores ricos buscando retornos em classes de ativos antes desprezadas.

Os preços da champanhe aumentaram 33,7% nos primeiros 11 meses do ano, conforme medição do índice Champagne 50 do Liv-ex, seu melhor desempenho anual. Isso se compara como o ganho do índice de ações All World FTSE, de cerca de 15% no ano até agora. Mais da metade dos ganhos do índice de champanhe este ano vieram durante uma grande alta em outubro e novembro.

"Foi notável", disse Justin Gibbs, cofundador da Liv-ex, uma bolsa de vinhos online. "O mercado está acelerado."

"A champanhe atua historicamente como uma anuidade. Nunca teve o melhor desempenho, sempre subia 8% a 10% ao ano."

Garrafas de Duval-Leroy Champagne em Vertus, oeste da França - François Nascimbeni/AFP

A champanhe "vintage" tem sido há anos um investimento relativamente lento no mercado de vinhos finos. Os vinhos são maturados pelas produtoras de champanhe e oferecidos prontos para consumo. Devido a seu papel tradicional como bebida de comemorações, muitas vezes eles são consumidos alguns anos após o lançamento.

Isso criou um padrão regular de oferta e, com a demanda razoavelmente constante, mudanças de preços desinteressantes, ao contrário dos vinhos de alta classe de Bordeaux ou Bourgogne, que geralmente são guardados durante anos e têm mercados secundários desenvolvidos.

Mas um aumento da demanda e a oferta restrita este ano se combinaram para empurrar os preços da champanhe para cima. A demanda foi estimulada pelo maior interesse entre investidores e consumidores tradicionais de vinhos, ajudada pelo aumento dos produtores artesanais, que cultivam as uvas e fabricam a bebida.

A recente chegada ao mercado da safra especial de 2008 e da "excepcional" de 2012 atraiu o interesse de compradores, segundo Justin Knock, diretor de vinhos no Oeno Group. A demanda também cresceu firmemente nos Estados Unidos, onde muitos compradores de vinhos tiveram grandes lucros em suas carteiras de ações durante a pandemia de coronavírus.

A oferta, enquanto isso, esteve restrita. A decisão no ano passado da associação de comerciantes de champanhe de reduzir a produção durante a pandemia, seguida de uma má colheita este ano por causa de geadas e fungos, significou uma produção menor, o que pode levar as vinícolas a reter uma parte maior de seu estoque de safras mais antigas.

Entre as marcas mais procuradas este ano está a Salon 2002, cujo preço aumentou 80%, para 10 mil libras esterlinas (R$ 75,5 mil) por 12 garrafas, segundo a Liv-ex. A Cristal Rose 2008 da Louis Roederer subiu 60%, a Dom Pérignon 2008, 46% e a Krug 2000 saltou 62%.

Apesar da reputação de alto preço, a champanhe "vintage" também se beneficiou da caça de boas ofertas pelos investidores em vinhos, segundo fontes da indústria. Uma garrafa extremamente rara de Perrier Jouët 1874 foi vendida por quase 43 mil libras (R$ 325 mil) em um leilão na Christie's este mês, mas a maioria das champanhes vintage custa uma fração do preço de um Bordeaux ou Bourgogne topo de linha, tornando-as atraentes para investidores em vinhos que desejem diversificar.

Tom Gearing, executivo-chefe da firma Cult Wines, com investimentos de 300 milhões de libras (R$ 2,26 bilhões), disse que a champanhe antes funcionava como uma "proteção fantástica em longo prazo" para as carteiras de vinhos dos clientes, porque se comportava de modo diferente de outras regiões vinícolas.

Nos últimos dois anos, Gearing, que já foi um finalista da versão britânica do programa O Aprendiz, vem aumentando a proporção que ele aconselha os clientes a deterem em champanhe, recomendando vinhos como Comtes de Champagne, da Taittinger, e Dom Pérignon. Mas, conforme os compradores entram no mercado e as casas de champanhe retêm a oferta, é cada vez mais difícil conseguir vintages para comprar.

"Nós amamos a champanhe como região", disse ele. "O problema sempre é conseguir um volume suficiente de vinhos."

Tradução de Luiz Roberto M. Gonçalves

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