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Julio Wiziack é editor do Painel S.A. e está na Folha desde 2007, cobrindo bastidores de economia e negócios. Foi repórter especial e venceu os prêmios Esso e Embratel, em 2012

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Descrição de chapéu Opinião de empresário

Declaração ou canetada não acabarão com trabalho de instituições na eleição, diz empresário

Para Eduardo Mufarej, fundador do RenovaBR, tentativa de enfraquecimento das instituições democráticas é um grande problema

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São Paulo

As falas do presidente Jair Bolsonaro contra as urnas são chocantes mas não devem comprometer o processo eleitoral nem trazer ruptura institucional, na opinião do empresário Eduardo Mufarej, fundador do RenovaBR, movimento para a formação de candidatos políticos.

"Não é uma canetada ou uma declaração que vai acabar com o trabalho de tantas instituições envolvidas nas eleições. Acompanho a seriedade do trabalho da corte eleitoral", afirma o empresário.

Mufarej, que era um dos maiores entusiastas da candidatura de Luciano Huck como terceira via, até a desistência do apresentador, há um ano, hoje apoia Simone Tebet, mas avalia que, para o nome da senadora conseguir acelerar nas pesquisas, vai precisar de união do centro democrático.

Imagem mostra Eduardo Mufarej, homem branco de cabelos castanhos escuros. Ele veste paletó azul e camisa branca. Está em um ambiente com luzes azuis e verdes.
Eduardo Mufarej , fundador do RenovaBR - Zanone Fraissat - 12.abr.18/Folhapress

Sobre os sinais para a economia que já foram dados pela campanha do petista, Mufarej avalia que não são bons. "O governo dele teve méritos em algumas áreas, mas os interlocutores são os mesmos que deixaram rastros desastrosos para o país", afirma.

Bolsonaro voltou a fazer declarações contra o sistema eleitoral brasileiro no evento com embaixadores na semana passada. Que risco o sr. vê nisso? São falas chocantes, mas que não acredito que comprometam o nosso processo e tragam algum tipo de ruptura institucional.

Não é uma canetada ou uma declaração que vai acabar com o trabalho de tantas instituições envolvidas nas eleições. Acompanho a seriedade do trabalho da corte eleitoral. Temos um volume altíssimo de candidaturas em jogo nas majoritárias estaduais e nos cargos do legislativo federal e estadual. Só em 2018 foram mais de 26 mil candidaturas aptas à disputa. Reduzir o nosso processo eleitoral apenas à disputa presidencial é limitar nossa forma de pensar o Brasil.

No empresariado, há quem diga que as falas do presidente Bolsonaro contra as urnas são uma bobagem e que não têm potencial prejudicial. O senhor concorda com isso? Acho que a tentativa de enfraquecimento das instituições democráticas vigentes é um grande problema.

O Brasil é um país jovem, com entidades que precisam de fortalecimento, não o contrário. Esse processo está distante de ser uma bobagem.

O sr. é um dos empresários que estão apoiando a candidatura da senadora Simone Tebet (MDB). Ainda avalia que é possível ver o nome dela subir nas pesquisas? E como isso aconteceria? Acho que é possível sim, mas para isso os personagens que se intitularam do centro democrático precisam se unir.

São fundamentais o debate de ideias e as diferentes possibilidades de escolha, inclusive além da Simone Tebet, nessas eleições. O eleitor e o Brasil merecem isso.

Quais são os riscos que o sr. vê em uma eventual candidatura do ex-presidente Lula? E quais seriam esses riscos no caso de Bolsonaro? A polarização dominou e empobreceu o debate. Infelizmente, abandonamos planos ou projetos para o país. Voltamos às decisões de momento pautadas por grupos e interesses específicos. A última década é de declínio absoluto e não temos a capacidade de reconhecer essa realidade e propor caminhos. O tempo passou, a sociedade evoluiu, e o debate regrediu.

O sr. acha que a chegada dos recursos da PEC que amplia os benefícios sociais tem potencial para mudar o cenário e favorecer Bolsonaro? Enxergo que sim. O baixo crescimento econômico, sentido por grande parte da população e com maior impacto nos mais vulneráveis, abre espaço para medidas políticas e eleitoreiras.

E como avalia os sinais emitidos pela campanha de Lula para a economia até agora? Os sinais sob a perspectiva econômica não são bons. O governo dele teve méritos em algumas áreas, mas os interlocutores são os mesmos que deixaram rastros desastrosos para o país.

O momento demanda reposicionamento com um olhar para o futuro e não para reviver o sonho de ser uma potência dos anos 1990.

O sr. pretende participar de algum novo manifesto com outros nomes do empresariado em defesa da democracia? Que efeito pode ter esse tipo de manifestação neste momento? Com o apoio de milhares de brasileiros de todas as regiões do país, lançamos em 2018 uma das maiores escolas de formação e inclusão democrática do mundo, que inclusive já serviu como inspiração para iniciativas em países tão diversos como França e Costa Rica. Estar ao lado da democracia não é uma opção, é a escolha que fizemos ao criarmos o Renova.

Quais perspectivas tem o RenovaBR, do ponto de vista de renovação na política para as eleições deste ano? Eu sou muito otimista com a renovação dos quadros e a qualificação de lideranças política no longo prazo. O papel institucional do Renova é dar as condições para que as pessoas que nunca participaram do processo político possam se envolver e qualificar o debate.

Foram mais de 60 mil inscritos, cerca de 2 mil formados e 176 eleitos nos últimos quatro anos.
O caminho será longo, como uma maratona, porém, sabemos que quanto mais nomes qualificados tivermos dispostos a trabalhar pelo país e pelo fortalecimento da nossa política e democracia, melhor para o Brasil.


Raio-X

Formado em administração de empresas pela PUC-SP, o empresário participou do conselho de administração da Arezzo e da Omega Energia. Foi presidente do conselho da Somos Educação e atuou como presidente da companhia. Fundou a Tarpon Investimentos, o movimento RenovaBR, o projeto Estímulo 2020 e a gestora GK Ventures. Ele também é fellow pela Universidade de Stanford

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