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Julio Wiziack é editor do Painel S.A. e está na Folha desde 2007, cobrindo bastidores de economia e negócios. Foi repórter especial e venceu os prêmios Esso e Embratel, em 2012

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Rappi diz que está de olho nos talentos demitidos pelas startups

Para Tijana Jankovic, CEO da empresa no Brasil, onda de cortes no setor de inovação era esperada

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São Paulo

Diante da onda de demissões no setor de inovação nos últimos meses, Tijana Jankovic, CEO do Rappi Brasil, diz que não prevê cortes e ainda está de olho em talentos que ficaram disponíveis no mercado para vagas de engenharia, comercial, de operações e atendimento ao cliente.

Na ponta da mão de obra dos entregadores, a executiva afirma que não teme os sinais da campanha de Lula para mexer na proteção aos trabalhadores de apps. Segundo ela, toda revolução tecnológica carece de regulação, o que é um caminho normal.

Imagem mostra Tijana Jankovic, mulher branca de cabelos castanhos com luzes, segurando um boné laranja com a logo do Rappi, que é um bigode preto. Ela está usando uma camisa preta de manga longa e gola alta e uma calça laranja. Tijana sorri para foto numa sala e, atrás dela, há uma janela, pela qual é possível ver plantas.
Tijana Jankovic, CEO do Rappi - Divulgação/ Vagner Medeiros

Como vocês estão acompanhando esse movimento de demissões nas startups? Mudou drasticamente o mercado de capitais e puxou decisões de várias empresas neste sentido. Já esperávamos uma correção.

Não se podia prever o momento nem a rapidez, mas era claro que as coisas estavam um pouco infladas, que o capital era abundante e que, portanto, várias empresas até em estágios muito iniciais conseguiam fazer investimento além da conta.

Do nosso lado não fizemos nenhuma correção. A gente vem gerenciando os nossos investimentos e times de forma consciente. Não fomos levados por essa onda. Como resultado, não precisamos fazer nenhuma correção neste sentido nem estamos planejando.

O que estamos olhando com atenção é como aproveitar os talentos que estão agora disponíveis no mercado, infelizmente, por todas as demissões que vêm acontecendo em várias empresas de tecnologia.

Estamos com várias posições abertas, nos times de engenharia e produto. Mas também, no Brasil especificamente, com várias posições em comercial, operações, atendimento ao cliente.

Quando foi o último corte grande que fizeram? A gente já vem ajustando a operação conforme as áreas que estão crescendo, as que estamos investindo mais, as que automatizamos. Então, não fizemos nenhuma movimentação relevante, pelo menos, nos últimos 9 ou 10 meses. Foram segmentados em coisas que a gente vem otimizando. Dito isto, recebemos esse novo movimento de mercado com uma estrutura adequada ao nosso nível de operação.

Tem um debate acontecendo sobre as dark kitchens [cozinhas comerciais que funcionam apenas para entrega], que estão incomodando moradores de bairros onde estão instaladas por causa de cheiro e barulho. Como resolver o dilema da localização para fazer a comida chegar quente, rápido e barata?O conceito de dark kitchens é uma das consequências de mudança de comportamento do consumidor que acelerou com a pandemia, mas que depois ficou. Não vejo reversão neste caso, mas acho que as dark kitchens entram em uma área um pouco cinza que não está 100% regularizada. É um espaço de restaurante ou é um espaço comercial, que se compararia com uma empresa?

Acho que na questão sanitária está avançado, mas há uma série de outras regras que precisam ser estabelecidas para garantir conforto ao morador e um espaço eficiente para a cozinha operar. Acho que é um momento inicial. Vai se equilibrar o tipo de espaço, de maquinário, de isolamento ao barulho, que são as soluções tecnológicas que vão ser implementadas para garantir convivência saudável.

E os sinais que a campanha de Lula está dando de que pretende mudar legislação, elevar proteção aos trabalhadores de app? Vocês têm medo de isso atrapalhar o negócio? Qualquer revolução tecnológica no médio e longo prazo precisa ser regularizada de alguma forma. É um caminho normal e não é um caminho ao qual a gente se opõe. Pelo contrário, uma regulação que adeque ao modelo de negócio, que não é o tradicional nem de restaurante nem de ecommerce, mas que entende como a operação funciona e adeque a uma regulação que faz sentido, é bem-vinda. Somos colaborativos neste sentido. Entendemos que, não apenas nós, mas todas as empresas do setor e dos setores parecidos. Tem uma associação.

Estamos com agenda proativa em propor nosso ponto de vista, que tipo de regulação atenderia expectativas de nossos parceiros entregadores, varejistas, restaurantes. É algo que esperamos construir a quatro mãos com qualquer que seja o governo.

Como um todo, não é algo assustador porque não é algo que a gente vê como evitável. Faz parte e esperamos ser uma parte fundamental em estruturar como uma modernização de legislação que garanta uma proteção para esse tipo de profissional.

E o que tem de novo no programa de assinatura de vocês? A gente entende o RappiPrime como uma assinatura digital para tudo o que você consome no mundo digital. Isso é o nosso ideal, em que você tem, pelo app, o acesso a todos os serviços que gosta de consumir no digital.

Além de frete grátis, ilimitado com Prime Plus, todos os serviços no app, restaurante, loja, farmácia, supermercado, tem também benefícios no serviço offline com nossos parceiros, uma sobremesa grátis, uma bebida, por exemplo. E tem parcerias que buscamos no mercado como streaming de HBO Max gratuito para o assinante. A ideia é ter sempre benefício novo.

Agora são relacionados a livros, cursos, pedágio. E a gente vê um comportamento, com a pressão inflacionária, das pessoas buscando oportunidade de economizar em produtos como limpeza de casa, o que se pode premiar com oferta na fidelização.


Raio-X

CEO do Rappi Brasil desde agosto de 2021, a executiva ingressou na empresa em 2020. Nascida na Sérvia, ela se formou em economia internacional pela Università Bocconi, é mestre em matemática aplicada pela London School of Economics e já trabalhou em empresas como Google, Uber e BNP Paribas.

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