A operação Lava Jato, que investigou corrupção em contratos da Petrobras, retirou praticamente todas as empresas nacionais de óleo e gás do mercado e isso está afetando os planos da petroleira de levar adiante os investimentos em 15 plataformas (FPSOs) previstas para entrar em operação até 2026.
Além da falta de competidores nas suas licitações, a companhia enfrenta outra dura realidade: as propostas chegam com preços quase o dobro do teto definido para a disputa.
Especialistas do setor afirmam que essa situação é reflexo da pandemia e da guerra na Ucrânia, que fez encarecer os insumos, especialmente o aço usado nas embarcações.
O atraso nas entregas levou grandes compradores estrangeiros a darem preferência a fornecedores mais próximos do local da entrega, deixando o Brasil refém de players asiáticos.
Foi o que ocorreu, por exemplo, no edital das plataformas P-80 e P-82. A Keppel, que venceu a disputa pela P-80, apresentaria desconto de 7% na P-82, mas, ao final, não cedeu e não, por isso, perdeu o contrato. Resultado: a Petrobras tentou licitar novamente a P-82, mas não apareceram interessados. Posteriormente, a Keppel fez oferta e levou a P-83.
A licitação da P-81 foi cancelada em 27 de maio, depois de a estatal ter recebido somente uma oferta com o dobro do valor previsto. A única proposta, de US$ 4 bilhões, foi apresentada pelo consórcio da Sembcorp (do fundo Temasek) —quase o dobro dos US$ 2,3 bilhões esperados pela Petrobras para construção e operação da plataforma por 4 anos.
Por meio de sua assessoria, a Petrobras informou que 14 plataformas já foram contratadas e os orçamentos consideraram diversas variáveis. A situação geral do mercado é um dos fatores.
As contratações da Petrobras respeitam o valor definido pelo orçamento, como aconteceu nas contratações da P-80, P-82, e P-83.
Para os processos de aquisição de plataformas (FPSOs), a Petrobras pré-qualifica seus fornecedores com base na comprovação de capacidade para prestação dos serviços. Hoje existem 16 fornecedores nessa situação, sendo 4 deles empresas nacionais. Todos, sem exceção, precisam seguir normas e padrões de integridade. Caso contrário, não podem atender à empresa.
Com base nessa pré-qualificação, já tivemos dois processos de contratação, com sucesso, pois resultaram na assinatura dos contratos para a contração de 5 plataformas para Búzios (P-78, P-79, P-80, P-82 e P-83), atualmente em fase de construção.
"Esse processo de pré-qualificação garante à Petrobras que somente fornecedores que atendem aos critérios mínimos de capacidade estejam participando dos processos de contratação de bens extremamente complexos, tais como os FPSOs, de forma que entendemos que considerando o resultado recente de sucesso e as necessidades de contratação que ainda temos, ele é robusto e o mais adequado para garantia dos resultados esperados pela empresa", disse a empresa em nota.
Julio Wiziack (interino) com Paulo Ricardo Martins e Diego Felix
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