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Julio Wiziack é editor do Painel S.A. e está na Folha desde 2007, cobrindo bastidores de economia e negócios. Foi repórter especial e venceu os prêmios Esso e Embratel, em 2012

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Sindicalistas dizem que bancos fazem 'extorsão e chantagem' contra aposentados

Centrais vão cobrar do governo a utilização do Banco do Brasil e da Caixa para garantir as linhas de crédito

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São Paulo

As centrais sindicais reagiram à decisão dos bancos de suspender as operações de empréstimo consignado do INSS depois que o CNPS (Conselho Nacional da Previdência Social) aprovou uma queda de 2,14% ao mês para 1,70% no teto da modalidade nesta semana.

Em comunicado divulgado nesta quinta (16) com a assinatura dos presidentes de centrais como CUT, Força Sindical e UGT, as entidades dizem que os bancos "fazem chantagem" e que os sindicatos vão cobrar o governo. Afirmam também que o corte na taxa está em linha com os anseios do eleitorado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e que convocarão atos para defender a medida.

"As centrais manifestam sua indignação e condenam veementemente a chantagem dos bancos de suspenderem a modalidade de crédito consignado para aposentados, após a redução das taxas por parte do Conselho Nacional da Previdência Social. Essa atitude dos bancos demonstra que a sede por lucros não tem limites, e é inaceitável que os aposentados e pensionistas sejam prejudicados dessa forma", afirma o texto que também leva a assinatura de outras centrais como CTB (Central dos Trabalhadores do Brasil), CSB (Central dos Sindicatos Brasileiros) e Nova Central.

Nesta quinta (15), uma série de bancos como Bradesco, Itaú, Pan, Banco Mercantil do Brasil, C6 Bank e a Bem Promotora, um dos canais do Banrisul decidiram suspender o produto temporariamente. A onda confirma previsões que executivos do setor já vinham fazendo nos últimos dias de que havia um risco de corte na oferta do produto.

Ainda na manifestação divulgada pelas centrais, elas argumentam que "o crédito consignado é uma linha de crédito com baixa taxa de inadimplência, e o desconto é em folha, o que torna a operação mais segura e acessível". O setor bancário, por outro lado, defende que, depois da queda na taxa, os novos patamares de juros não suportam a estrutura de custos do produto e os novos tetos podem reduzir a oferta do crédito consignado.

As centrais afirmam que vão cobrar do governo a utilização do Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal para garantir as linhas de crédito para os aposentados e pensionistas que precisarem com as novas taxas liberadas pelo CNPS.

"É necessário que o Estado assuma sua responsabilidade social e garanta o acesso para aposentados e pensionistas. E não ceda aos melindres de um grupo de bancos que não aceitam diminuir seus lucros em tempos tão difíceis para o povo brasileiro", diz o comunicado.

A queda no juro do consignado foi defendida pelo ministro Carlos Lupi (Previdência), que classificou como "criminoso" o patamar de juros anterior.

"A decisão do CNPS e do ministro Carlos Lupi está de acordo com os anseios da população que foram às urnas para derrotar as medidas anti-povo que tomaram conta do Brasil nos últimos anos. É preciso que o governo atue de forma firme e efetiva para garantir os direitos da classe trabalhadora, e não ceda aos interesses dos bancos e do mercado financeiro", dizem as centrais sindicais.

Em nota, a Febraban afirma que cada instituição tem sua estratégia comercial e não houve qualquer decisão coletiva. "Os bancos que ofertam o consignado não reportaram à Febraban a suspensão da linha de consignado para aposentados do INSS. Como essa decisão não é uma iniciativa setorial, cada banco tem sua política comercial de concessão de crédito, não cabendo reportar à Febraban as linhas de crédito que concedem ou deixam de conceder", diz a federação.

Joana Cunha com Paulo Ricardo Martins e Diego Felix

Agência do INSS em Brasília
Agência do INSS em Brasília - Marcelo Camargo/Agência Brasil

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