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Julio Wiziack é editor do Painel S.A. e está na Folha desde 2007, cobrindo bastidores de economia e negócios. Foi repórter especial e venceu os prêmios Esso e Embratel, em 2012

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Descrição de chapéu Enem

Escolas particulares avaliam entrar na Justiça contra suspensão da reforma do ensino médio

Decisão também recebeu críticas dos representantes do ensino superior privado

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São Paulo

A Fenep, federação que representa as escolas particulares, estuda entrar na Justiça contra a decisão do ministro da Educação, Camilo Santana, de suspender o cronograma de implementação do novo ensino médio e de mudanças no Enem.

"Evidentemente vai haver judicialização dessa decisão do ministro. E não vai ser pouca. Não é só a Fenep. Infelizmente, a gente vai ter que chamar a Justiça para ser o árbitro dessa questão", afirma Amabile Pacios, vice-presidente da entidade.

Segundo ela, as escolas não vão "dar um cavalo de pau e voltar atrás, porque nem tem como fazer isso". Pacios diz que a saída apontada pelo setor neste momento é que seja anunciado pelo governo um Enem transitório em 2024 para esperar os ajustes no currículo do ensino médio.

"A gente fez uma reforma na BNCC [Base Nacional Comum Curricular] e deu ao ensino médio uma terminalidade, inclusive técnica-profissionalizante, mas o ensino médio continua se balizando muito no Enem. Se você torna o Enem uma bagunça que ninguém entende, a faculdade pode não querer mais o exame", afirma Pacios.

Para Mauro Aguiar, membro do conselho consultivo da Abepar (Associação Brasileira das Escolas Particulares) e diretor do Colégio Bandeirantes, a situação gera insegurança, não só para escolas, mas também para professores, famílias e o próprio ministério.

"Fica essa cacofonia enorme do governo, todo mundo dando palpite. Quando você consulta a área de educação básica do ministério, eles não querem nem falar. Estão inseguros também. Existe uma pressão política que não tem nada a ver com educação e começa a confundir o próprio ministério ao ponto de ele não conseguir orientar e dar um norte", diz.

Estudantes protestam contra o novo ensino médio em São Paulo
Estudantes protestam contra o novo ensino médio em São Paulo - Bruno Santos - 15.mar.2023/Folhapress

Aguiar alerta para o atraso brasileiro. "Quando se chega na adolescência, as diferenças cognitivas e de interesses são muito grandes. Apresentar um currículo com uma só possibilidade é insano. Ninguém faz isso no mundo. O Brasil é um contraexemplo ruim com estrutura rígida. Os argumentos contrários são, por exemplo, a falta de professor especializado, que seria para o quinto itinerário, que é o profissionalizante. E esse é muito importante para mais de 80% dos alunos da escola pública", diz.

Na opinião de Elizabeth Guedes, presidente da Anup (associação das universidades particulares), a decisão do governo representa um retrocesso provocado por mera imposição política.

"O Enem como está é uma inutilidade que nada avalia, e continuaremos como estávamos: patinando no passado. Uma lástima", afirma Guedes.

Segundo Celso Niskier, presidente da Abmes (associação das mantenedoras do ensino superior), o fórum que representa as entidades do setor vai se reunir nesta quarta (5) para tomar uma posição sobre o caso.

Joana Cunha com Paulo Ricardo Martins e Diego Felix

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