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Julio Wiziack é editor do Painel S.A. e está na Folha desde 2007, cobrindo bastidores de economia e negócios. Foi repórter especial e venceu os prêmios Esso e Embratel, em 2012

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Descrição de chapéu Folhainvest JBS

Ex-JBS lança fundo mirando agronegócio

Inflação elevada motiva agricultores a se proteger de perdas com fundos dolarizados

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São Paulo

Os fundos lastreados no agronegócio são considerados uma nova fronteira da indústria de investimentos, ainda concentrada no setor de energia. É nessa nova frente que opera o recém-criado Verus, fundo de hedge [proteção] comandado pelo brasileiro Marco Sampaio, que colaborou por quase duas décadas no processo de internacionalização da JBS, e Greg Bechtel, que liderou as operações de grãos da Bunge na América do Norte.

O que há de tão promissor no Brasil para esse tipo de negócio? Existe uma oportunidade com o crescimento do agro e do biodiesel. Na época da abertura da China, e do etanol, a gente via oportunidades de nível 3 em uma escala de 0 a 10. Com o biodiesel, a oportunidade extrapolou esse limite.

Por que hoje fundos ligados a energia conseguem movimentar mais que os do agronegócio? Até 2014, os fundos [de investimento] de commodities de agricultura representavam quase 40% do total [negociado pelo mercado]. Energia era de 30% a 40%. Hoje, a energia segue com os mesmos 40% e o agro, menos de 10%. Estamos vendo uma oportunidade muito grande com renováveis [combustíveis].

Marco Sampaio, fundador da Verus Commodities
Marco Sampaio, fundador da Verus Commodities - Divulgação

Por que dolarizar todos os investimentos do fundo? É um hedge [proteção] contra a inflação também. Toda vez que tem muita inflação no mundo, as pessoas correm para as commodities.

Quais são suas metas? Já temos mais ou menos US$ 250 milhões investidos. Nossa intenção é triplicar o tamanho do fundo e queremos fazer isso especificamente no Brasil.

Seria mais fácil conseguir investidores institucionais dos EUA, gigantes como a BlackRock, que para eles investir US$ 250 milhões é uma parte muito pequena do portfólio. Não queremos ser um fundo enorme porque fica mais difícil trazer retorno. O mercado de commodities, especificamente o de agricultura, não é tão grande na bolsa. Quando chegarmos a US$ 750 milhões, a ideia é fechar para investimentos. O maior fundo hoje, nos Estados Unidos, deve ter US$ 1,5 bilhão. Nós vamos concorrer com esse tipo de fundo? Sim. Mas também vamos concorrer com Citadel, com BlackRock, que não estão focados apenas nas commodities.

Então, buscam agricultores fundamentalmente? Queremos um investidor que tem risco na agricultura. Tenho um conhecido com muita soja e que arrendou a terra para um terceiro. Ele disse "puxa, eu tinha um renda de x, mas agora será uma renda de x menos 30% porque a soja despencou no Brasil. Como vou proteger esse risco?". Conosco ele consegue proteger a receita dele.

Quem já demostrou interesse? Vamos conversar com family offices, com produtores brasileiros altamente capitalizados. Temos alguns interessados no Centro-Oeste. As reuniões começam nesta semana.


Raio-X

Marco Barros Sampaio é formado em Administração pela Lynn University e iniciou sua carreira como trader de commodities na Cargill, em 1997. Cinco anos depois, migrou para a JBS, onde atuou como chefe de risco da companhia, acompanhando a transformação de uma das maiores empresas de alimentos do mundo. Fundou a Verus Commodities em dezembro de 2022.

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