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Julio Wiziack é editor do Painel S.A. e está na Folha desde 2007, cobrindo bastidores de economia e negócios. Foi repórter especial e venceu os prêmios Esso e Embratel, em 2012

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Descrição de chapéu Banco Central

Sebrae acabará com banco, porque fica inviável 'com essa Selic', diz presidente

Décio Lima critica presidente do BC por manter taxa de juros em patamares elevados

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Brasília

Candidato derrotado do PT ao governo de Santa Catarina na última eleição, Décio Lima assumiu a presidência do Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas) há um mês por interferência de Lula.

O mandatário pediu que o antecessor, Carlos Melles, abrisse espaço para que o PT comande o órgão. Sob a nova gestão, oferecerá crédito com juros baixos, forma de estimular a economia e pressionar o BC a cortar a Selic, hoje em 13,75% ao ano.

Décio Lima, presidente do Sebrae - 21.ago.2018-Denner Ovidio/Divulgação

Qual será o papel do Sebrae diante da retração do crédito? Consolidamos 85% dos empregos, 99% das empresas, e 30% do PIB. Vamos oferecer uma alternativa de crédito, que hoje enfrenta um obstáculo com o BC mantendo os juros mais altos do mundo. Isso contraria qualquer política sensata de crescimento. É perverso especialmente para os pequenos empreendedores. Tomar crédito nesse ambiente é submetê-los à falência.

O que farão? Fundos garantidores. Com a Finep [Financiadora de Estudos e Projetos] está pronto. Colocaremos R$ 80 milhões e ela, R$ 50 milhões. Com esse recurso, a gente oferece R$ 1 bilhão em microcrédito com taxas pequeníssimas, 2,5% ao ano. Com o BNDES, a agenda é maior.

Como será? Temos um banco de crédito, ainda sem aval do BC para funcionar, com R$ 600 milhões no caixa. Usaremos esse dinheiro e, junto com cerca de R$ 1 bilhão vindo do BNDES, criaremos outro fundo para emprestar mais de R$ 10 bilhões. Nessa modalidade, cada real próprio lastreia até R$ 12 em crédito. Estamos buscando saída no Sebrae, enquanto o BC não atende aos interesses do Brasil.

Então fechará o banco que nem foi aberto? Sim. O banco é inviável com essa Selic.

Vai precisar do Congresso? Não. Já tem marco regulatório aprovado [para os fundos].

Foi uma orientação dada por Lula para forçar a queda dos juros? Tudo está dentro da linha de pensamento do governo: gerar emprego.

Também considera que o BC deixa os juros elevados por questão política? Não tenho dúvida. Além disso, o BC fere os princípios de nossa soberania. É uma agressão de mercado injustificável.

O sr. defende a troca do presidente do BC? Não posso personalizar. Nem o conheço [Roberto Campos Neto]. Mas juros dessa natureza inviabilizam o nosso país e deixam, por um bom período, as pessoas com fome e na miséria.

Raio-X

Formação: advogado formado pela Universidade do Vale do Itajaí (SC)
Carreira: Vereador em Itajaí (1993-1997), prefeito de Blumenau (1997-2005), deputado federal pelo PT (2007-2019). Disputou o governo de SC, em 2022, mas foi derrotado

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