As empresas de infraestrutura e indústrias de base reclamam da postura "pé no chão" adotada pelo BNDES na liberação de linhas de financiamentos para exportações de bens e serviços. Querem a volta do programa, um dos motores do banco nos governos Lula e Dilma Rousseff.
Representadas pela Abdib, elas afirmam que o BNDES represa os recursos com a desculpa de que o programa está suspenso à espera de um novo marco.
A avaliação é a de que a paralisia não se justifica. Afirmam que o próprio TCU (Tribunal de Contas da União) prepara um marco normativo para aumentar o controle dessas linhas de crédito pelo banco.
"Eliminar um instrumento comum e importante ao redor do mundo é o mesmo que deixar os alunos da rede pública passarem fome, porque já houve casos de desvios de recursos da merenda escolar", disse em nota Venilton Tadini, presidente-executivo da Abdib.
Nos governos do PT, as operações de financiamento às exportações foram capitaneadas pelas empreiteiras investigadas pela Lava Jato.
Obras realizadas na Venezuela e em Cuba, por exemplo, não foram pagas. A União aguarda o pagamento para ressarcir os cofres do Tesouro, que arcou com esse calote.
Para a Abdib, os investimentos devem impulsionar a geração de empregos e turbinar toda uma rede de fornecedores diretos.
Entre 2007 e 2015, quando o BNDES reforçou os investimentos nessa área, mais de 4.000 fornecedores foram beneficiados, a maioria formada por pequenas, médias e microempresas. Em 2007, as empresas contavam com 402 mil funcionários, saltando para 708 mil em 2014.
Ainda segundo a Abdib, o banco teria desembolsado cerca de R$ 22 bilhões com retornos que somaram US$ 12,8 bilhões entre capital e juros à época.
Após a publicação desta reportagem, o presidente da Abdib enviou nota para informar que o incômodo da entidade não é em relação ao BNDES e, sim, em relação às críticas sistemáticas que o mecanismo de financiamento às exportações de bens e serviços vem sofrendo em razão dos erros cometidos no passado.
"Eliminar o mecanismo porque ele foi mal utilizado em ocasiões anteriores é um erro que pode custar caro ao Brasil. Nesse ponto, a entidade está completamente alinhada com a postura do banco de fomento, que trabalha para retomar essa linha de financiamento o mais rapidamente possível e, ao mesmo tempo, adotar mecanismos de fiscalização e controle mais rígidos e modernos do que os que havia anteriormente."
Com Diego Felix
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