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Julio Wiziack é editor do Painel S.A. e está na Folha desde 2007, cobrindo bastidores de economia e negócios. Foi repórter especial e venceu os prêmios Esso e Embratel, em 2012

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Americanas: Gutierrez desdiz na CPI o que afirmou à PF

Em setembro, ex-presidente da varejista disse à CPI que crise financeira era grave e acionistas sabiam; em junho, havia afirmado à PF não existirem problemas

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Brasília

O ex-presidente da Americanas, Miguel Gutierrez, desdisse na CPI o que afirmou à Polícia Federal, que investiga supostas fraudes que levaram a empresa à recuperação judicial com uma dívida de R$ 43 bilhões.

Em setembro, Gutierrez afirmou para a CPI que a Americanas estava com uma dívida maior que seu caixa e que isso era de conhecimento do trio de acionistas de referência —Jorge Paulo Lemann, Beto Sicupira e Marcel Telles. Em junho, em depoimento à Polícia Federal, Gutierrez afirmou que não havia problemas financeiros.

Miguel Gutierrez, ex- diretor presidente Americanas (à esq.) e Sergio Rial, ex-presidente do conselho do Santander - 11.fev.2023-Reprodução-Gabriel Cabral/Folhapress

Disse aos policiais que, à época, Sergio Rial, consultor contratado pelo trio, havia marcado uma reunião para 27 de dezembro de 2022 em que seria feito um balanço tanto da operação física (lojas), quanto da digital.

"Nessa reunião, nada foi destacado quanto à existência de ‘inconsistências contábeis’ que motivaram a publicação de fato relevante em 11/01/2023", disse Gutierrez à PF.

E reforçou: "nessa reunião, não houve qualquer alerta de que a empresa estivesse passando por dificuldades financeiras."

O ex-presidente da Americanas não compareceu à CPI e enviou uma carta com seu depoimento. Nela, informa que, já no terceiro trimestre de 2022, os números da Americanas mostravam que a situação começava a se agravar.

Em 2021, o caixa líquido da companhia já superava o valor de sua dívida em R$ 3,5 bilhões. No fim de setembro de 2022, esse rombo já era de R$5,3 bilhões e, ainda segundo Gutierrez, já era a maior dívida líquida da história da Americanas.

A partir de outubro, os números gerenciais mostravam que a situação se agravou de forma mais acentuada.

Em novembro e em dezembro, por exemplo, a queda de vendas aumentou e por isso o consumo de caixa chegou a R$ 2 bilhões mensais.

Em janeiro, a Americanas divulgou o fato relevante de que havia uma inconsistência contábil de mais de R$ 20 bilhões e a empresa entrou em recuperação judicial.

Outro lado

Por meio de sua assessoria, Gutierrez esclarece que o executivo nunca escondeu a questão dos problemas financeiros da Americanas.

Ele informa que, à PF, respondeu a uma pergunta específica sobre a reunião ocorrida em 27/12/2022. "Não era uma pergunta ou uma resposta sobre a situação financeira da companhia em geral", disse em nota.

Gutierrez informa ainda que já em seu depoimento à CVM (Comissão de Valores Mobiliários), em março, deixou claro que a empresa passava por problemas financeiros e que não tinha conhecimento de problemas contábeis.

Com Diego Felix

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