O conselho de administração da Americanas só se deu conta das dificuldades financeiras em novembro passado. Naquele momento, no entanto, não tinha noção de que a dívida era de quase R$ 25 bilhões e não de R$ 4,8 bilhões, como acreditavam.
É o que revela o plano de redução do endividamento da empresa, anexado à ata da reunião de 7 de novembro de 2022, a que a coluna teve acesso.
A estratégia aprovada pelo colegiado era reduzir o investimento em estoques (mercadorias) de forma que sobrassem R$ 783 milhões no caixa, entre 2022 e 2023.
Essa redução seria mantida nos anos seguintes, deixando no caixa R$ 1,2 bilhão, até o fim de 2024, e R$ 3,1 bilhões, em dezembro 2025.
Essa decisão permitiria cortar a dívida líquida de R$ 4,8 bilhões, em 2022, para R$ 379 milhões, em 2025.
Na reunião seguinte, em 2 de dezembro de 2022, o conselho formalizou a decisão do corte de pelo menos R$ 1 bilhão nos investimentos ao longo de 2023, mas ele se mostrou irreal após a revelação de que existia um passivo escondido de mais de R$ 20 bilhões em operações de crédito envolvendo fornecedores, o chamado risco sacado.
E-mails
As atas mostram que um dos acionistas de referência da Americanas e integrante do conselho, Beto Sicupira, não sabia das supostas fraudes contábeis que levaram a empresa a pedir recuperação judicial com uma dívida total de R$ 43 bilhões.
Ex-diretores tentam se defender afirmando que Sicupira tinha conhecimento de todas as operações da empresa, inclusive a do risco sacado, pivô das supostas fraudes perpetradas —o que ele nega.
Com Diego Felix
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