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Julio Wiziack é editor do Painel S.A. e está na Folha desde 2007, cobrindo bastidores de economia e negócios. Foi repórter especial e venceu os prêmios Esso e Embratel, em 2012

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Descrição de chapéu aeroportos

Sob gestão do PT, Infraero dificulta entrega de aeroportos privatizados

Estatal cria barreiras para acesso operacional a sistemas de Congonhas e Belém

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Brasília e São Paulo

A Infraero, estatal dos aeroportos, resiste a entregar Congonhas (SP) e os demais terminais privatizados no apagar das luzes do governo Jair Bolsonaro.

As dificuldades impostas às concessionárias vencedoras do leilão para assumirem o controle operacional dos terminais são tantas que a Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) entrou em ação.

Pista do aeroporto de Congonhas, em São Paulo
Pista do aeroporto de Congonhas, em São Paulo - Bruno Santos - 24.ago.2023/Folhapress

Em Belém (PA), técnicos da Anac afirmam que a concessionária Noa (Norte da Amazônia Airports) tentava fazer uma verificação dos sistemas operacionais em pista, equipamentos que conversam com as aeronaves antes do pouso e da decolagem.

As barreiras impostas pela Infraero chegaram ao ponto de a concessionária ter de acionar a Anac.

Mesmo assim, as dificuldades continuaram e o órgão obrigou o acesso intervindo em uma medida cautelar.

Em Congonhas (SP), considerada a jóia dos aeroportos, por ser lucrativo, os obstáculos foram similares.

Por ter uma pista sem espaço de escape nas cabeceiras, a Aena queria verificar as condições do asfaltamento, algo que interfere diretamente na frenagem das aeronaves.

Ainda segundo relatos, a Infraero afirmou que só poderia liberar a pista para verificação à noite, após o fechamento do aeroporto. Na prática, isso inviabiliza a análise técnica, que precisa ser feita à luz do dia.

A situação chegou a tal ponto que a Aena cogitou montar uma operação noturna com caminhões localizados ao redor da pista para garantir a iluminação necessária para a verificação da pista, mas desistiu.

A Anac foi acionada e deu uma advertência à Infraero. A Aena pretende "virar a chave" e assumir o comando operacional do aeroporto em meados de outubro.

Nos bastidores, a avaliação na Anac é a de que a estatal quer forçar o adiamento da data para criar uma narrativa contra a privatização.

Sob comando petista, a Infraero terá papel fundamental na aviação regional. Caberá a ela a realização de obras do Novo PAC em aeroportos menores.

A ideia da nova gestão é, além de cuidar das obras, fechar contratos para ser a gestora responsável pelos aeroportos regionais —algo que lhe daria motivos para continuar atuando no setor após a venda dos grandes aeroportos a ela vinculados.

A Infraero ainda continuará com o Santos Dumont, outro importante aeroporto do país. Sob Lula, o terminal não deve ser privatizado.

Consultada, a estatal disse que não tem conhecimento da cautelar e da advertência pela Anac.

Por meio de sua assessoria, a Aena não confirmou a informação. Disse que já está em operação assistida em Congonhas, com acesso 24 horas ao aeroporto. A concessionária Noa não respondeu.

Em nota, a Anac informou que "acompanha as tratativas entre as partes envolvidas com vistas a assegurar a normalidade do processo de transição operacional dos aeroportos da 7ª rodada de concessão".

Com Diego Felix

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