A Americanas, finalmente, deve divulgar o balanço do ano passado e o de 2021 nesta quinta (16), trazendo à tona o pagamento de R$ 6 bilhões em juros pela antiga diretoria do grupo aos bancos nas operações de antecipação aos fornecedores, o risco sacado.
O valor, antes oculto, se refere a R$ 20 bilhões em transações do gênero nos últimos anos e que levaram a empresa à recuperação judicial com uma dívida de R$ 42,6 bilhões.
O risco sacado é uma operação comum e envolve varejistas, fornecedores e bancos credores visando à antecipação do pagamento pelos produtos em prazos menores.
Na hora de acertar a conta com os bancos (que anteciparam os pagamentos aos fornecedores), houve pedido de mais prazo. Mas a Americanas não registrou devidamente essas operações como dívida, e elas custaram R$ 6 bilhões em juros.
A administração atual da varejista considera que essa manobra contábil acobertou uma fraude dos antigos gestores, que se valeram de maquiagem nos resultados para usufruir de ganhos maiores –o que eles negam.
No balanço, segundo executivos, foi mantida a cifra de R$ 20 bilhões em "inconsistências" com o risco sacado nos últimos anos.
Segundo executivos ouvidos sob anonimato, no balanço também foi mantidos os R$ 25,3 bilhões em resultados inflados, decorrentes das inconsistências contábeis que a gestão atual afirma terem sido fraudulentas. O período dessas manobras ainda não foi revelado.
A varejista adiou por quatro vezes a publicação do balanço do ano passado —previsto originalmente para o final de março, mudou para maio, depois, para o fim de outubro e, por fim, para a segunda (13), data que foi alterada para quinta (15).
Procurada, a companhia não respondeu até a publicação desta reportagem.
Com Paulo Ricardo Martins
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