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Julio Wiziack é editor do Painel S.A. e está na Folha desde 2007, cobrindo bastidores de economia e negócios. Foi repórter especial e venceu os prêmios Esso e Embratel, em 2012

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BB veta negócios com indústria bélica e empresas dizem que vão quebrar

OUTRO LADO: Banco diz que segue diretriz global e que contratos vigentes serão mantidos; governo foi surpreendido

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Brasília

O Banco do Brasil enviou um comunicado a empresas de defesa para informar que, a partir de agora, não usará mais capital próprio para fazer negócios com elas. Caberá ao governo destinar recursos para, por exemplo, garantir exportações.

Com a nova política, o BB se junta aos demais bancos privados que, por razões de governança, não fazem negócios com empresas que produzem artigos destinados a guerras, como armas, equipamentos ou veículos.

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Demonstração de lançamento de foguetes fabricados pela Avibras, no campo de instrução de Formosa (GO) - 21.jul.2011-Marcelo Camargo/Folhapress

O governo foi pego de surpresa e agora o que se avalia é a ampliação do Proex (Programa de Financiamento às Exportações) para ajudar o setor, que hoje responde por 4% do PIB.

O ministro da Defesa, José Mucio Monteiro, disse que já se reuniu com a presidente do BB, Tarciana Medeiros. Por meio de sua assessoria, o ministério informa que, na reunião, Medeiros prometeu uma possível ampliação do Proex.

Por meio desse programa é possível obter não somente financiamento, mas garantias exigidas pelos compradores no exterior.

Empresas do setor afirmam que o BB era o único que ainda negociava garantias nas exportações. Nem mesmo a Caixa Econômica Federal oferecia esse tipo de produto.

Em geral, a operação, uma espécie de seguro, envolve 30% do valor da exportação. Caso ocorra algum problema, o comprador executa a garantia e, assim, é ressarcido pelo pagamento antecipado, uma prática comum nesse tipo de transação.

Impactos

A Mac Jee é uma das empresas afetadas pela mudança de posição do BB. A companhia possui cerca de US$ 500 milhões em negociações de exportações com EUA, Emirados Árabes Unidos, Arábia Saudita, Bulgária, entre outros.

Sem as garantias, a companhia corre o risco de perder esses contratos. A previsão é de que pode quebrar, porque, além de ficar sem contratos, terá de pagar sua dívida de R$ 32 milhões com o BB imediatamente.

O BB afirma que não comenta casos específicos devido ao sigilo bancário, mas informou que nenhum contrato do BB com empresas do setor será rompido com o novo posicionamento. Os contratos em curso serão honrados. Não haverá contratos novos.

Além da Mac Jee, também estão nessa situação outras três empresas: CBC, Mectron e Avibrás.

Segundo a Defesa, o BNDES e técnicos da Camex (Câmara de Comércio Exterior), ambos vinculados ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (Mdic), também foram acionados. No entanto, não há previsão para que o programa seja redefinido a tempo.

O Mdic disse, em nota, que "busca soluções que assegurem a manutenção e o fortalecimento da indústria brasileira".

"Trata-se de um setor estratégico para a soberania nacional e que está contemplado em uma das missões da nova política industrial lançada nesta semana pelo governo", disse a pasta.

O BB informou que segue boas práticas corporativas e bancárias "com autonomia administrativa".

"As decisões sobre concessão de crédito são sempre balizadas pelas políticas de crédito e de responsabilidade social, ambiental e climática, que observam, além das melhores práticas de mercado, a legislação, tratados, resoluções e regramentos que norteiam o setor financeiro."

Com Diego Felix

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