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Julio Wiziack é editor do Painel S.A. e está na Folha desde 2007, cobrindo bastidores de economia e negócios. Foi repórter especial e venceu os prêmios Esso e Embratel, em 2012

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Gol cogita pedir recuperação judicial nos EUA

Com dívida de R$ 20 bilhões, companhia deve seguir Latam, que conseguiu reestruturar sua dívida em dois anos

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Brasília

A Gol cogita pedir recuperação judicial nos EUA em, no máximo, um mês. Pessoas que participam das conversas afirmam que aderir ao Capítulo 11 da lei norte-americana de falências é mais vantajoso do que pedir recuperação judicial no Brasil. Abririam-se, por exemplo, mais possibilidades de financiamento no exterior.

A companhia ainda usa as duas próximas semanas para viabilizar um plano de reestruturação de dívidas entre as partes envolvidas e fora da Justiça. Essa possibilidade, no entanto, vem se mostrando inviável diante da multiplicidade de interesses na mesa. Há credores financeiros, lessores (arrendadores de aeronaves) e stakeholders (investidores com papéis de dívida da companhia).

Boeing 737-800 da Gol Linhas Aéreas estacionado no aeroporto de Belo Horizonte (MG) - 11.set.2020-Aeroin

Pessoas envolvidas nas negociações afirmam que a estratégia de abrir um processo Tribunal de Falência de Nova York é a melhor saída, especialmente porque lá as regras são previsíveis.

Arrendadores preferem negociar nos EUA porque, segundo eles, um recuperação judicial no Brasil só permite saber como começa, jamais como termina.

Apesar disso, eles consideram haver risco porque, diferentemente da Latam, a Gol tem uma operação com menos presença nos EUA. O processo poderia ser recusado, o que levaria a companhia a gastar mais tempo e dinheiro para, ao fim, terminar abrindo um processo no Brasil.

Vários consultores e advogados foram contratados. A Abra, holding que controla a Gol e resulta da junção da brasileira com a colombiana Avianca, contratou o escritório Pinheiro Guimarães Advogados.

A companhia aérea conta com assessoria de Milbank, Lefosse e TWK. No fim do ano passado, também contratou a consultoria da Seabury Capital, uma das maiores em reestruturação de dívida no setor aéreo.

A principal tarefa da Seabury é buscar uma saída com os cerca de 25 lessores (arrendadores de aeronaves) para renegociar a dívida financeira.

Agências de risco afirmam que a dívida financeira da Gol é de R$ 20 bilhões e, deste total, cerca de R$ 3 bilhões vencem no curto prazo (em até 12 meses). A companhia, no entanto, não tem caixa suficiente para honrar esses compromissos, segundo pessoas a par das negociações.

O problema da Gol, afirmam, não é operacional. Os resultados são positivos. No entanto, ela não tem novas garantias suficientes para trocar toda essa dívida vincenda. Seus ativos foram, em grande maioria, empenhados no acordo que resultou na Abra.

Por isso, também se discute que a própria holding abra o processo de recuperação nos EUA.

Caso se confirme, a Gol seguirá o caminho da Latam. Em maio de 2020, a rival foi ao Tribunal de Falências de Nova York (EUA). Em 2022, concluiu seu processo de reestruturação.

Massificação

Por meio de sua assessoria, a Gol afirma que mantém seus esforços para melhorar a lucratividade, fortalecer seu balanço para posicioná-la, no longo prazo, como empresa que democratizou o transporte aéreo no país.

Para isso, informa que está em discussões com seus stakeholders financeiros (credores) sobre diversas opções que tragam maior flexibilidade financeira, incluindo capital adicional para financiar as operações.

Com Diego Felix

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