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Julio Wiziack é editor do Painel S.A. e está na Folha desde 2007, cobrindo bastidores de economia e negócios. Foi repórter especial e venceu os prêmios Esso e Embratel, em 2012

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Descrição de chapéu carro elétrico

Projeto pró-BYD deve ir a plenário e montadoras apelam a Pacheco

Anfavea tenta barrar ofensiva da fabricante chinesa na Câmara para o fim de veículos a gasolina e diesel

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Brasília e São Paulo

A disputa entre os veículos elétricos, liderados pela chinesa BYD, e os híbridos, defendidos pela Anfavea, a associação das montadoras, chegou ao Congresso, onde tramitam projetos que tentam minar o Mover, programa do governo federal que estimula os híbridos, favorecendo particularmente o grupo chinês.

A Comissão de Meio Ambiente do Senado analisa um projeto de lei antigo do senador Ciro Nogueira (PP-PI) que prevê o fim da venda de veículos a gasolina e diesel até 2030 e estabelece que sejam proibidos de circular no país a partir de 2040.

O projeto, que estava parado, deveria ter sido aprovado de forma terminativa na comissão, na semana passada, mas foi adiado. No entanto, segundo as lideranças no Senado, deve ser aprovado. Caso isso se confirme, ele seguirá diretamente para votação em plenário.

Carros da montadora chinesa BYD em uma de sua concessionárias - 20.mar.2024-Jorge Villegas/Xinhua

Nos bastidores, representantes das montadoras veem as digitais da BYD nessa movimentação pela ligação entre Ciro Nogueira e Alexandre Baldy, presidente do conselho da BYD, que também é do PP.
Consultado, Baldy disse que não comenta ilações.

Montadoras afirmam, reservadamente, que a situação na Câmara —presidida por Arthur Lira (PP-AL)— está totalmente favorável à BYD e, que por isso, já se reuniram com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), para barrar todos esses projetos.

O Mover define que a transição energética no setor será feita com motores híbridos e que os híbridos flex, que rodam com gasolina e etanol, terão mais incentivo.

O modelo de negócio da BYD está totalmente concentrado nos elétricos. A fabricante obteve aprovação de seu Projeto Produtivo Básico (PPP) e produzirá baterias na Zona Franca de Manaus (AM), enquanto conclui a instalação de sua fábrica em Camaçari (BA), onde obteve incentivos fiscais.

As montadoras da Anfavea têm modelos elétricos, mas decidiram que seguirão explorando ainda as versões à combustão.

Esse debate não é exclusivo do Brasil. No mundo, a indústria investe em veículos elétricos, mas quer mais tempo para essa migração. Muitos consideram que há mercado para modelos híbridos à base de combustíveis livres de carbono.

Nos EUA, que travam uma guerra geopolítica com a China, as principais montadoras defendem uma política de coexistência entre híbridos e elétricos.

Inicialmente, o governo Joe Biden cogitou obrigar que 67% das vendas de carros novos e caminhões leves fossem totalmente elétricos até 2032, mas essa meta está sendo atualizada para retardar esse prazo a tempo de os fabricantes se adaptarem à regra.

A ideia, agora, é aumentar as vendas gradualmente até 2030. Hoje, elas não representam nem 10% do total.

Na União Europa, também existe a proposta de acelerar o uso de elétricos e proibir a venda de motores a combustão a partir de 2035. No entanto, há uma desconfiança em relação aos veículos elétricos (EV) da China.

Recentemente, a Comissão Europeia passou a discutir a possibilidade de impor tarifas de importação diante da suspeita de que eles recebem subsídios injustos. No centro dessa discussão está a proteção das montadoras europeias, que não conseguem ser tão competitivas, especialmente na fabricação de baterias.

Com Diego Felix

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