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Julio Wiziack é editor do Painel S.A. e está na Folha desde 2007, cobrindo bastidores de economia e negócios. Foi repórter especial e venceu os prêmios Esso e Embratel, em 2012

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Descrição de chapéu aeroportos

Latam processa aeroporto de Guarulhos por colisões com pássaros

Companhia pede que Justiça obrigue concessionária a cuidar da segurança na pista; troca de peça em turbina custa quase R$ 100.000

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Brasília

Alvo de incidentes com pássaros, a Latam entrou com uma ação judicial para obrigar a concessionária que administra o aeroporto de Guarulhos a implantar um plano de ação para espantar as aves do aeródromo.

Na petição, a que a coluna teve acesso, a companhia afirma que GRU Aiport nada fez até o momento para melhorar seu plano de gerenciamento no entorno do pátio e nas pistas.

Avião da Latam decola do aeroporto de Congonhas (SP)
Avião da Latam decola do aeroporto de Congonhas (SP) - Bruno Santos - 24.ago.23/Folhapress

Por isso, pede à Justiça que responsabilize a GRU Airport pelos incidentes ocorridos em 2023 com a companhia e o condene a implementar, efetivamente, o plano de contingência.

A Latam afirma que houve aumento significativo desses episódios em Guarulhos. Entre janeiro e agosto do ano passado, foram registradas mais de 3 mil colisões com aves.

Usando dados de 2023 do Cenipa (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos), a Latam informa à Justiça ter havido 747 colisões, das quais 62 ocorreram em Guarulhos (8% do total). Em 2022, foram 18 incidentes no aeroporto.

"Foram mais de cinco eventos de colisão com aves por mês (!) no aeroporto de Guarulhos em 2023", escreve a companhia na petição. "Isso significa que, em um mês, pode ser que pelo menos cinco aeronaves tenham sido retiradas de operação para revisão, além de voos prejudicados, por mera desídia."

Em maio do ano passado, dois aviões foram danificados em Guarulhos com uma diferença de 35 minutos entre os dois incidentes. Somando todos incidentes daquele mês, a Latam informa ter arcado com um ônus total de 143 horas de indisponibilidade de suas aeronaves.

"GRU Airport não tem atuado da maneira esperada para evitar a presença de fauna no Aeroporto de Guarulhos, o que ensejou o aumento substancial e indevido de colisões de aeronaves com pássaros no ano de 2023", escreve a Latam na petição.

Antecedentes

Antes de recorrer à Justiça, a empresa diz ter enviado notificação extrajudicial, mas GRU Airport "apresentou resposta evasiva, visando afastar a sua responsabilidade quanto aos eventos ocorridos".

"A conclusão facilmente obtida é que as medidas adotadas pela GRU Airport ou são insuficientes ou estão desatualizadas"

No ano passado, a Latam registrou 563 ocorrências do gênero —73% do total.

Quando isso ocorre, a aeronave precisa, necessariamente, passar por uma inspeção, o que, por si só, já representa perdas para a companhia porque o avião não estará em voo.

Esse simples "exame" (chamado de boroscopia) custa U$ 6.000 (cerca de R$ 30.400), custo que impacta na operação.

Quando o impacto é na turbina, o prejuízo é maior. O motor é composto por diversas pás em formato circular e quando elas são afetadas após a colisão com um pássaro, precisam ser trocadas. Cada uma custa, em média, U$ 19.000 (R$ 96.400).

Em abril, a companhia também reclamou de ocorrências envolvendo animais na pista. Em um desses casos, uma capivara invadiu a pista 10L em uma segunda pela manhã e os voos ficaram suspensos por 15 minutos. Segundo a companhia, mais de 25 voos atrasaram.

Consultada, a Latam disse que pretende responsabilizar a administradora aeroportuária pelos eventos ocorridos e obrigá-la a adotar medidas eficazes para o afastamento da fauna.

A empresa informa que essas ocorrências afetaram milhares de passageiros com voos cancelados ou atrasados, e provocaram um custo adicional com reparos e manutenção.

Por meio de sua assessoria, GRU Airport disse que não foi notificada sobre processo.

A concessionária afirma que mantém Plano de Gerenciamento de Risco da Fauna seguindo diretrizes definidas pela Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) e operacionalizado por sua Coordenação de Meio Ambiente.

"O problema da presença de pássaros próximos às pistas de pousos e decolagens é uma questão mundialmente conhecida no setor aeroportuário", diz a empresa. "O fenômeno tem aumentado nos últimos anos em todo o território nacional."

No entanto, a concessionária informa que a taxa de ocorrência no último ano foi das menores do país, graças às medidas adotadas. Entre elas está o manejo direto de ovos, ninhos e animais, controle de vegetação, remoção de poleiros, abrigos, ações de afugentamento dentre outras.

"Neste ano, o aeroporto de Guarulhos atingiu o menor nível histórico de avistamentos de animais e colisão de pássaros com aeronaves", diz

Com Diego Felix

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