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Julio Wiziack é editor do Painel S.A. e está na Folha desde 2007, cobrindo bastidores de economia e negócios. Foi repórter especial e venceu os prêmios Esso e Embratel, em 2012

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Descrição de chapéu tecnologia

Nova fase da TV aberta promete virar o jogo contra gigantes do streaming

Padrão que funde sinal da TV com o da internet abre janela para marketplace e publicidade individualizada em larga escala em transmissões

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Brasília

Raymundo Barros é um dos nomes mais importantes dos bastidores da TV, tendo atuado na evolução dos sistemas de transmissão há quase quatro décadas. Além de ser executivo da TV Globo, ele preside o Fórum SBTVD, grupo que escolheu o padrão tecnológico para a TV 3.0, a chamada TV do Futuro, que abre novas possibilidades de negócios.

Raymundo Barros, diretor de estratégia e tecnologia da Globo e presidente do Fórum SBTVD
Raymundo Barros, diretor de estratégia e tecnologia da Globo e presidente do Fórum SBTVD - Renato Rocha Miranda/Globo

A TV digital prometia muito e a publicidade foi para o Google. Isso muda agora?
Não houve absolutamente nenhuma inovação no modelo de negócio [das emissoras] com a TV digital. A TV opera como nos anos 1950 e 1960: com patrocínio, mídia avulsa, merchandising. Mas, hoje, temos mais de 60% dos televisores conectados à internet e 80% deles estão ligados na antena da TV aberta. O novo padrão [3.0] insere definitivamente a TV aberta na economia digital, porque ela passa a ser uma TV baseada no protocolo da internet, os dois sinais se misturam.

Essa será uma vantagem só da TV aberta?
Um evento transmitido exclusivamente pela internet tem uma limitação. É preciso abrir uma transmissão individual, ainda que o conteúdo seja o mesmo, para cada dispositivo conectado. Hoje se celebra quando um jogo de futebol transmitido via internet chega a cinco milhões de aparelhos simultaneamente. Mas não dá para escalar para 100 milhões, como na TV aberta, porque é um peso grande demais na rede das operadoras.

O novo padrão vira o jogo contra o Google na publicidade?
Essa tecnologia é uma revolução porque representa para a TV aberta a possibilidade de buscar receitas publicitárias hoje na internet, no Youtube, e um pouco nas redes sociais, como Instagram e TikTok.

Mas como isso ocorrerá efetivamente?
Imagine que durante o intervalo de uma final do Campeonato Brasileiro, cada um dos espectadores pode, no limite, receber uma publicidade personalizada. O conceito do ecommerce começa a ser disponível também em TV aberta, porque no momento que se assiste à novela, será possível ter uma segunda tela com um carrinho de compras virtuais. Isso significa que o diretor de cena terá de taguear os produtos [postos em cena] que irão para o ecommerce.

Qual a projeção de receitas?
Apesar de toda essa proliferação do streaming e da TV paga no país, a TV aberta tem hoje 70% do tempo consumido dos brasileiros dentro de casa. É uma coisa impressionante a resiliência desse negócio no Brasil, mas ainda estamos mapeando o potencial.


Raio-X | Raymundo Barros

Atua na Globo há 39 anos e é diretor-executivo de Estratégia de Tecnologia da Globo. Participou do processo de migração do sinal analógico para o digital da TV aberta, da implantação de infraestrutura IP e do 4K na produção e distribuição de conteúdo.

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