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Julio Wiziack é editor do Painel S.A. e está na Folha desde 2007, cobrindo bastidores de economia e negócios. Foi repórter especial e venceu os prêmios Esso e Embratel, em 2012

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Conar derruba anúncios que comparam pães com bebidas alcoólicas

Conselho aceitou pedido da indústria de massas industrializadas contra pesquisa que comparou pães a bebidas alcoólicas

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São Paulo

O Conar (Conselho Nacional Autorregulamentação Publicitária) aceitou nesta quarta (7) pedido para a retirada de anúncios online sobre um estudo que apontou alto teor alcoólico em marcas de pão de forma.

Veiculada há quase um mês, a campanha "Tem Álcool no Seu Pão de Forma", liderada pela Proteste (Associação Brasileira de Defesa do Consumidor), afirma que das dez marcas mais populares de pão de forma, seis seriam consideradas alcoólicas caso fossem bebidas.

A indústria de massas denunciou a campanha da Proteste contra o teor alcoólico no pão de forma
A indústria de massas denunciou a campanha da Proteste contra o teor alcoólico no pão de forma - Linda Vostrovska/Fotolia

O estudo considerou um teor alcoólico superior a 0,5% na composição dos pães, grau limite para que uma bebida seja considerada alcoólica. O álcool presente nesses produtos é oriundo do processo de fermentação e do uso de conservantes.

A suposta constatação do estudo criou polêmica nas redes sociais e gerou movimentação das grandes empresas do setor, que criticaram o estudo.

Abimapi (Associação Brasileira das Indústrias de Biscoitos, Massas Alimentícias, Pães e Bolos Industrializados) e Wickbold acionaram o Conar contra a propaganda, apontando uma série de inconsistências que minavam sua validade e induziam o consumidor a erro.

Inicialmente, o Conar rejeitou o pedido para impedir a veiculação dos anúncios da Proteste por entender que era necessário ouvir todos os lados do caso antes de tomar uma decisão.

Nesta quarta, o relator do caso no Conar, Luiz Celso de Piratininga Figueiredo Junior, defendeu que perspectivas e pontos de vista divergentes devem existir, porém fundadas em preceitos legais e éticos, que mantenham a integridade de informações com interesse público.

Por isso, as campanhas da Proteste em seis canais apontados na denúncia foram retiradas do Facebook e do Instagram. O mérito do caso ainda será analisado.

Um dos pontos aceitos pelo relator na denúncia indica falta de dados, teste ou relatos de casos que fundamentassem uma afirmação da Proteste sobre as chances de reprovação de motoristas em testes de bafômetro após a ingestão de pão de forma.

A Abimapi diz que a conclusão sobre efeito em bafômetro foi feita "com regra de três".

O conselheiro também reconheceu que a pesquisa da Proteste não indica qual foi o critério utilizado para fundamentar o resultado e afirmou que foram comparados produtos de categorias distintas, submetidos a regulamentações próprias pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).

Além da suspensão dos links com os anúncios apontados pela Abimapi na denúncia, o relator pediu mais informações dos envolvidos, bem como um parecer da Anvisa sobre o caso.

Em nota, a Proteste manteve sua confiança nos resultados dos testes e disse que o laboratório responsável é creditado a órgãos reguladores.

A organização afirmou que não tem como objetivo atacar a indústria de alimentos ou qualquer produto particular, pois reconhece a importância de todos os players do mercado. Sua atuação, prossegue, serve para informar consumidores e alertar as autoridades para aprimorar o mercado.

Sobre a decisão do Conar, disse que ainda não apresentou defesa e atendeu a determinação do Conselho.

"Destacamos que as empresas que se sentiram ofendidas, em nenhum momento, apresentaram qualquer prova de que os seus produtos não possuíam álcool, apenas se sentiram lesadas pela ‘forma’ como o resultado foi divulgado, ou seja, numa tentativa de fugir do debate principal.

A Abimapi não se manifestou.

Com Diego Felix

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